PIB do Brasil cresce 1,9% no primeiro trimestre e mercado de trabalho segue forte
Inflação desacelera na Zona do Euro, enquanto EUA surpreende com criação de emprego acima das expectativas. PMI da China fica abaixo do esperado e sinaliza queda na atividade econômica
Por Itaú Private Bank
No Brasil, IGP-M registra deflação, mercado de trabalho segue forte e PIB cresce 1,9% no primeiro trimestre, enquanto a produção industrial recua em abril.
Dados do mercado de trabalho dos Estados Unidos oferecem sinais mistos. Payroll supera expectativas em maio, enquanto taxa de desemprego sobe para 3,7%.
Na China, PMI aponta desaceleração da atividade, enquanto na Zona do Euro a inflação desacelera novamente.
Confira os destaques da semana:
IGP-M registra deflação de 1,84% em maio
O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) registrou deflação de 1,84% m/m em maio, abaixo do esperado pelo mercado (-1,73%). Assim, a taxa acumulada em 12 meses intensificou a queda, passando de -2,2% para -4,5%.
Os preços no atacado registraram queda expressiva no mês. O alívio observado na inflação no atacado deve beneficiar a inflação ao consumidor à frente. Esperamos que o IGP-M encerre 2023 com alta de 2,0%, enquanto o IPCA deve atingir 5,8%.
No Brasil, mercado de trabalho segue forte em abril
De acordo com a PNADC (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), a taxa de desemprego atingiu 8,5% no trimestre encerrado em abril, abaixo das expectativas do mercado (8,8%). Com ajuste sazonal, a taxa de desemprego registrou queda, para 8,1%. Os dados indicam um mercado de trabalho mais resiliente. Assim, temos um viés de baixa na projeção da taxa de desemprego (9,0%) no final deste ano.
PIB do Brasil cresce 1,9% no primeiro trimestre, acima das expectativas
O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil avançou 1,9% no primeiro trimestre de 2023 frente ao trimestre anterior, puxado pelo setor agropecuário e acima da mediana das expectativas de mercado (1,2%). Frente ao mesmo trimestre de 2022, o PIB cresceu 4,0%. Com base nesse resultado, iremos revisar para cima nossa projeção de crescimento do PIB de 2023, que atualmente está em 1,4%.
Produção industrial brasileira recua em abril
A Pesquisa Industrial Mensal (PIM) de abril apontou um recuo mensal de 0,6% na produção nacional, após forte crescimento no mês anterior (1,0%) e abaixo das expectativas do mercado (-0,3%). Frente a abril de 2022, a indústria retraiu 2,7%. O setor ainda se encontra 2% abaixo do patamar pré-pandemia (de fevereiro de 2020). Esperamos uma estabilidade relativa nos próximos meses desse trimestre, com a produção industrial encerrando o segundo trimestre com um crescimento próximo de zero em relação ao trimestre anterior.
Payroll: EUA criam 339 mil vagas em maio
O relatório de folha de pagamentos dos Estados Unidos, Payroll, indicou a criação de 339 mil vagas de trabalho em maio. O valor veio acima das expectativas do mercado (195 mil) e do ritmo apresentado no mês anterior (294 mil). A taxa de desemprego, por outro lado, avançou de 3,4% para 3,7%, com o número de desempregados aumentando em 440 mil, o maior avanço mensal desde o período da pandemia. Assim, os dados do mercado de trabalho apresentaram sinais mistos.
O Payroll seguiu indicando um mercado de trabalho apertado, dificultando o cenário de pausa no ciclo de alta dos juros pelo Fed. A Pesquisa Domiciliar, por outro lado, apontou enfraquecimento na margem, em linha com uma pausa. A reação inicial do mercado sugere aumento das apostas por uma alta na próxima reunião, em junho.
PMI aponta desaceleração da atividade chinesa no segundo trimestre
Na China, o Índice de Gerentes de Compras (PMI) de maio ficou abaixo das expectativas, sinalizando adicional desaceleração da atividade econômica no segundo trimestre, após desempenho acima do esperado no início do ano. No setor manufatureiro, o PMI registrou 48,8 pontos.
No setor não manufatureiro, o PMI registrou 54,5 pontos, com quedas nos componentes de serviços e construção. Com isso, o PMI composto recuou para 52,9, sugerindo que o ímpeto da recuperação pós-reabertura desacelerou no segundo trimestre e ameaçando a recente onda de revisão altista para o PIB chinês em 2023
Inflação segue desacelerando na zona do euro
Os dados divulgados pelo escritório de estatísticas da União Europeia (Eurostat) revelaram que o índice de inflação ao consumidor (CPI) da zona do euro cedeu de 7,0% em abril para 6,1% em maio, na comparação anual. O núcleo do índice, que exclui os componentes mais voláteis, como energia e alimentação, também recuou além das expectativas, 5,6% para 5,3%.
Apesar da surpresa positiva, o núcleo da inflação europeia segue pressionado e ainda não oferece sinais claros de uma queda sustentada, reforçando a expectativa de que o Banco Central Europeu (BCE) promova duas altas adicionais nos juros, encerrando o ciclo em 3,75%.