Relatório Focus: projeções para IPCA e Selic avançam
No Radar do Mercado: nova edição do Focus apontou alta da inflação para os próximos anos, além do PIB e da Selic para 2024; relatório fiscal bimestral veio pior do que o esperado
Por Itaú Private Bank
O Banco Central divulgou hoje mais uma edição do Relatório Focus. Em geral, mesmo depois de autoridade monetária ter elevado a taxa Selic na semana passada, o mercado revisou para cima suas projeções para a inflação para este e os próximos anos.
Na comparação com a semana anterior, as medianas das estimativas do IPCA avançaram para 2024 (de 4,35% para 4,37%), 2025 (de 3,95% para 3,97%) e 2026 (de 3,61% para 3,62%). Com isso, a expectativa do mercado é que a inflação ficará acima da meta central do Conselho Monetário Nacional (CMN) de 3,0%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, neste e nos próximos dois anos.
Com relação à atividade econômica, houve uma revisão para cima da projeção do PIB de 2024 (de 2,96% para 3,0%). Para 2025 e 2026, as projeções foram mantidas em 1,90% e 2,0%, respectivamente.
A mediana das estimativas do mercado para taxa Selic de 2024 foi revisada para cima (de 11,25% para 11,50%). A projeção foi mantida em 10,50% para 2025 e 9,50% para 2026.
Por fim, as estimativas para a taxa de câmbio seguiram inalteradas para 2024 (R$/US$ 5,40), 2025 (R$/US$ 5,35) e 2026 (R$/US$ 5,30).
Relatório fiscal bimestral pior que o esperado
O Ministério do Planejamento e Orçamento divulgou na sexta-feira, 20, o Relatório Bimestral de Receitas e Despesas, que surpreendeu negativamente o mercado ao reduzir a contenção de gastos do governo federal de R$ 15 bilhões para R$ 13,3 bilhões.
A previsão de receitas para 2024 subiu em R$ 4,4 bilhões, principalmente devido ao aumento das receitas extraordinárias esperadas (maiores dividendos do BNDES e royalties) e receitas incertas (compensações pela isenção de impostos sobre a folha de pagamento).
Do lado das despesas, houve redução da contenção total de gastos para R$ 13,3 bilhões, com bloqueio adicional de R$ 2,1 bilhões (menor do que os R$ 5 a R$ 10 bilhões esperados) e reversão do contingenciamento de R$ 3,8 bilhões.
Houve também um aumento nas despesas excluídas do arcabouço fiscal devido à calamidade no Rio Grande do Sul e às emergências climáticas (para R$ 40 bilhões). Já na Previdência Social (ex-precatórios), o documento revelou um aumento na estimativa de gastos em apenas R$ 2 bilhões, apesar dos dados de julho e agosto terem ficado R$ 6 bilhões acima do projetado pelo governo.
Nossa visão: na nossa opinião, o governo demonstra pouco comprometimento com o ajuste fiscal, mesmo diante de um déficit total mais elevado (com mais gastos fora das regras fiscais) e da dependência de receitas extraordinárias e/ou incertas (BNDES e compensação por desoneração fiscal da folha de pagamento).
💬 O que achou deste conteúdo?
Leia também
Leia também
Com a elevação do juro neutro no Brasil, ainda faz sentido investir em juro real entre 6% e 7%?
The Weekly Globe: neste artigo, analisamos se investir em juro real neste momento de [...]
Três dicas de livros de Bruno Molino
Confira as recomendações de leitura de Bruno Molino, Head of Investors do Itaú Privat [...]
Blockchain e ativos digitais: qual a relevância para o seu portfólio?
Market Update: confira os destaques da conversa [...]