Revisamos nossos cenários macro para setembro
No Radar do Mercado: divulgamos as revisões de cenário macro atualizando nossas projeções em âmbito local e global; ainda hoje, o BCE divulgou sua decisão de política monetária
Por Itaú Private Bank
Revisão de Cenário – Brasil
Passamos a esperar um ciclo de alta de juros de 150 pontos-base, começando na reunião de setembro, em um contexto de taxa de câmbio pressionada, expectativas de inflação desancoradas e alguma revisão do hiato do PIB. Projetamos taxa Selic de 11,75% ao final de 2024, com uma alta adicional em janeiro do ano que vem. A manutenção dos juros em patamar contracionista ao longo do primeiro semestre de 2025 deve resultar em uma desaceleração da atividade econômica, além de alguma apreciação da taxa de câmbio, permitindo cortes de juros a partir da segunda metade do ano. Projetamos taxa Selic em 11,00% no final de 2025.
Revisamos para baixo a nossa projeção de câmbio para R$ 5,40 por dólar ao final de 2024 e para R$ 5,20 por dólar ao final 2025. A perspectiva de aumento do diferencial de juros – com o início de um ciclo de corte pelo Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) e um ciclo de alta da taxa Selic – tende a favorecer a moeda brasileira no médio prazo.
Mantivemos nossa projeção de inflação em 4,2% para 2024 e reduzimos para 4,1% em 2025 (de 4,2%), incorporando o impacto do câmbio mais apreciado sobre bens industriais no próximo ano. Revisamos para cima a nossa projeção de PIB, para 3,0% em 2024, e para 2,0% em 2025. O consumo das famílias deve continuar impulsionando o crescimento da economia, em meio à resiliência do mercado de trabalho. Para a taxa de desemprego, revisamos para baixo a nossa projeção para 6,9% em 2024 e para 7,0% em 2025.
Revisão de Cenário – Global
Os bancos centrais nas economias desenvolvidas estão demonstrando uma maior sensibilidade ao desaquecimento do mercado de trabalho, embora haja disparidades significativas entre os países.
Nos EUA, o Fed planeja iniciar cortes de juros em setembro. Agora, esperamos três cortes de 25 pontos-base em 2024 e mais cinco cortes da mesma magnitude em 2025. Existe, no entanto, o risco de uma aceleração nesse ritmo, caso surjam sinais mais claros e intensos de deterioração do mercado de trabalho.
Na Europa, os cortes de juros estão sendo realizados de forma cautelosa, em meio a uma inflação persistente. Projetamos que a taxa de juros atinja 2,25% em 2025. Além disso, revisamos para cima nossa projeção para a taxa de câmbio do euro em relação ao dólar devido a um ciclo de cortes de juros mais acentuado nos EUA em comparação com a zona do euro.
Na China, mantemos nossas projeções de crescimento do PIB em 4,8% para 2024 e 4,5% para 2025, à medida que os estímulos fiscais contribuem para estabilizar a atividade econômica na margem. No entanto, os desafios estruturais permanecem. Na América Latina, por sua vez, observa-se uma mudança de rota na política monetária, refletindo as particularidades econômicas e os desafios enfrentados pela região.
Zona do Euro: BCE divulga decisão de política monetária
O Banco Central Europeu decidiu reduzir em 25 pontos-base a taxa de depósito e diminuir a diferença entre as demais taxas em relação à taxa de depósito, conforme sinalizado na reunião de março. Com isso, a taxa de refinanciamento está em 3,65%, a de depósitos em 3,50% e a de empréstimos em 3,90%.
As projeções econômicas foram atualizadas nessa reunião. Diante da evolução dos dados mais fracos de atividade desde junho, o PIB foi revisado para baixo para 2024, 2025 e 2026, refletindo o fraco consumo e investimentos privados.
A inflação doméstica, por sua vez, permanece alta, à medida que os salários estão subindo em um ritmo elevado. Com isso, as projeções para o núcleo da inflação subiram para 2024 e 2025. Ainda assim, as pressões dos custos trabalhistas estão moderando, e os lucros estão parcialmente compensando o impacto dos salários mais altos na inflação, que deve se caminhar em direção à meta na segunda metade do próximo ano.
Quanto aos próximos passos para a política monetária, a autoridade continuou mantendo o tom dependente da evolução dos dados, sem se comprometer com uma trajetória de juros futura.
Na coletiva de imprensa, Christine Lagarde, presidente da autoridade monetária, ressaltou a abordagem de reunião a reunião, a depender dos dados econômicos. Quando perguntada sobre o juro neutro da região, se absteve de trazer novas informações ao responder que ficaria mais claro à medida que os juros se aproximassem deste ponto.
💬 O que achou deste conteúdo?
Leia também
Leia também
Com a elevação do juro neutro no Brasil, ainda faz sentido investir em juro real entre 6% e 7%?
The Weekly Globe: neste artigo, analisamos se investir em juro real neste momento de [...]
Três dicas de livros de Bruno Molino
Confira as recomendações de leitura de Bruno Molino, Head of Investors do Itaú Privat [...]
Blockchain e ativos digitais: qual a relevância para o seu portfólio?
Market Update: confira os destaques da conversa [...]