Revisamos os nossos cenários local e global para maio
No Radar do Mercado: revisamos o cenário local, diante da atividade melhor no curto prazo, e global, com o aperto monetário próximo do fim; nos EUA, hoje houve a divulgação do Payroll
Por Itaú Private Bank
No cenário local, o arcabouço fiscal e as medidas de recomposição das receitas reduzem riscos extremos, mas trazem desafios à frente. Agora, estimamos déficits primários de 1,2% do PIB em 2023 e 1,0% do PIB em 2024.
Atualizamos as projeções de balanço de pagamentos para um déficit de conta corrente menor em 2023 (US$ 35 bi ou 1,7% do PIB). Revisamos para baixo a projeção para a taxa de câmbio em 2023 (para R$ 5,15 por dólar) e 2024 (para R$ 5,25 por dólar), com a estabilização no ambiente externo e a melhora no prêmio de risco local.
Revisamos a projeção de inflação em 2023 de 6,1% para 6,0%, incorporando queda nos preços de produtos comercializáveis em razão do câmbio mais apreciado. Quanto ao PIB, elevamos a projeção de 2023 de 1,1% para 1,4%, diante dos bons resultados de curto prazo e da diminuição do risco de uma deterioração mais forte do mercado de crédito.
O Copom não abriu espaço para cortes de juros no curto prazo. Mantemos a projeção para a taxa Selic em 12,50% a.a. ao final de 2023.
Revisão de Cenário – Global: Fed parece ter encerrado ciclo de alta
Os bancos centrais estão perto de encerrar o ciclo de aperto global. Alguns mercados emergentes ainda estão subindo os juros (e em ritmo mais lento), enquanto os mercados desenvolvidos estão perto do fim do ciclo.
Nos EUA, o aperto adicional do crédito deve provocar desaceleração da atividade, mas sem recessão, e a inflação alta manterá a taxa de juros em 5,1% durante o ano. O dólar deve se depreciar com o encerramento do ciclo pelo Fed e a ausência de uma recessão global.
O Banco Central Europeu, por sua vez, ainda não terminou de subir os juros. Esperamos mais dois acréscimos de 0,25 p.p., e atualizamos a nossa projeção de taxa terminal, de 3,50% para 3,75%. Adicionalmente, não há sinais de estresse no setor bancário da zona do euro.
Na China, o crescimento foi forte no primeiro trimestre e a atividade ainda tem fôlego após a reabertura. Já na América Latina, não parece haver espaço para cortes de juros no curto prazo, apesar do ambiente externo mais favorável.
Relatório Payroll mostra mercado de trabalho resiliente
O relatório de folha de pagamentos dos Estados Unidos, o Payroll, indicou a criação de 253 mil vagas de trabalho em abril, acima das projeções do mercado (de 185 mil). Por outro lado, houve uma expressiva revisão para baixo nos dados de março (de 236 mil para 165 mil).
A taxa de desemprego recuou, de 3,5% para 3,4%, enquanto a expectativa era de uma alta para 3,6%. Já a taxa de participação permaneceu em 62,6%, em linha com o esperado.
Os ganhos salariais por hora trabalhada cresceram 0,5% no mês, para 33,36 dólares, acima do registrado em março e das projeções do mercado, ambas em 0,3%. Na comparação anual, a alta registrada foi de 4,4%, acelerando na comparação com o mês anterior e acima do esperado.
Em suma, a criação de vagas segue sólida nos EUA e com pressões salariais ainda presentes. O resultado reforça a perspectiva de que o Federal Reserve (Fed, banco central americano) precise manter os juros em patamar elevado por período prologando, na contramão das projeções do mercado, que sugerem corte nas taxas já em setembro deste ano.