Spreads em foco: tributação no Brasil e juros globais em alta

On Credit: confira a análise dos impactos da tributação no crédito local e das tensões geopolíticas nos juros globais

Por Itaú Private Bank

4 minutos de leitura

A edição de junho do On Credit analisa a pressão nos spreads de debêntures de infraestrutura no Brasil e os efeitos de tarifas e tensões geopolíticas nos juros globais de longo prazo.

Vanessa Muller, Global Private Investment Specialist, apresenta a edição Brasil, destacando a recente volatilidade nos spreads de crédito, especialmente nas debêntures de infraestrutura. A proposta de tributação sobre ativos incentivados reacendeu incertezas no mercado; o que esperar da renda fixa diante desse novo cenário?

No mercado internacional, juros, tarifas e geopolítica: Alejandro Estevez-Breton e Marcelo Menusso conduzem a edição, analisando os fatores que mantêm os juros de longo prazo elevados, como inflação persistente, política fiscal expansionista e tensões geopolíticas. Em meio a sinais contraditórios, surgem oportunidades estratégicas em títulos de crédito.

A seguir, confira os destaques dos vídeos:

Brasil

  • Spreads pressionados por fluxo, não por risco: o comportamento recente dos spreads de crédito no Brasil tem sido mais influenciado por fatores técnicos de mercado, como fluxo de compra e venda, do que por fundamentos de crédito ou liquidez. Isso reforça a importância de uma análise criteriosa na alocação de ativos.
  • Fundos de infraestrutura ganham tração: a captação positiva dos fundos de infraestrutura nos últimos meses tem impulsionado a demanda por ativos incentivados, pressionando os spreads e exigindo maior agilidade na alocação de recursos por parte dos gestores.
  • MP 1.303/2025 e seus efeitos no mercado: a proposta de tributação de 5% sobre rendimentos de ativos incentivados a partir de 2026 gerou volatilidade e antecipação de emissões. A medida ainda depende de aprovação no Congresso, mas já afeta decisões de investimento.
  • Investidores alongam posições: a incerteza tributária levou investidores a alongarem suas posições em ativos incentivados, especialmente os de risco AAA, resultando em fechamento de spreads e maior movimentação no mercado secundário.
  • Expectativa de maior volume de emissões: a possível mudança tributária pode estimular emissões antecipadas no segundo semestre, mantendo o mercado aquecido até o fim do ano, com impacto direto na dinâmica de oferta e demanda.
  • Recomendações de alocação com cautela: diante do cenário de juros elevados e margens apertadas em alguns setores, a recomendação é manter uma carteira diversificada, com foco em consistência de longo prazo e análise rigorosa de risco/retorno.

Internacional

  • Três fatores sustentam juros longos elevados: a inflação persistente, a redução das taxas básicas pelos bancos centrais e os planos de aumento de gastos públicos em economias como EUA e Alemanha têm mantido os juros de títulos de longo prazo em patamares elevados desde o final de 2024.
  • Tarifas e incerteza fiscal nos EUA: a proposta de tarifas como compensação fiscal nos EUA gera dúvidas quanto à arrecadação, legalidade e impacto no consumo. Essa incerteza afeta diretamente a política fiscal e a emissão de títulos do Tesouro, pressionando os juros.
  • Geopolítica e comércio com efeitos ambíguos: tensões como o conflito entre Israel e Irã e medidas protecionistas afetam os mercados de forma contraditória: reduzem expectativas de crescimento, mas elevam riscos inflacionários, influenciando os juros e os spreads de crédito.
  • Impacto das tarifas e da geopolítica nos spreads: após o anúncio de tarifas em abril, os spreads de crédito sofreram forte volatilidade, mas se recuperaram com o adiamento das medidas. Eventos geopolíticos recentes também geraram oscilações, com histórico de recuperação rápida.
  • Qualidade de crédito como critério central: a análise de crédito segue focada na solidez das empresas. A maioria das 80 companhias acompanhadas está bem posicionada, mas há cautela com setores como o petroquímico e empresas altamente alavancadas com receitas em moeda local.
  • Resultados corporativos mostram desaceleração: o crescimento dos lucros no 1º trimestre de 2025 foi o mais fraco em mais de um ano, refletindo uma normalização econômica. Empresas com maior exposição internacional apresentaram desempenho inferior às mais domésticas.
  • Inflação deixa de ser principal preocupação: apesar das tarifas, o número de empresas que citam a inflação como risco está estável em relação ao ano anterior e abaixo da média dos últimos cinco anos, indicando menor propensão ao repasse de preços ao consumidor.
  • Preferência por títulos BBB e BB: a estratégia atual prioriza títulos com classificação entre grau de investimento e alto rendimento, buscando equilíbrio entre retorno e risco. Essa faixa oferece spreads atrativos com risco de crédito controlado.
  • Duration ideal entre 5 e 10 anos: a alocação favorece títulos com vencimento entre 2030 e 2035, aproveitando a valorização dos spreads e a possibilidade de travar juros elevados. Evita-se tanto durations muito curtas quanto prazos excessivamente longos.
  • Combinação de títulos soberanos e corporativos: a diversificação entre títulos soberanos e corporativos é recomendada, especialmente em mercados emergentes. A liquidez dos soberanos e o spread reduzido entre as duas classes tornam essa estratégia eficiente e flexível.
  • AMS Crédito reflete visão integrada: a solução AMS Crédito incorpora as visões atualizadas da equipe sobre qualidade de crédito, duration, setores e alocação entre títulos. É uma ferramenta prática para investidores que buscam exposição estratégica ao mercado global.