Cenário Macro mensal: junho 2025
Confira os destaques da nossa conversa mensal sobre economia e mercados com Thomas Wu, economista-chefe da Itaú Asset, e Daniel Brum, estrategista da família de fundos Itaú Artax. A moderação foi de Maria Luiza Morad, da área de comunicação do Itaú
Por Itaú Asset
Cenário internacional
Ao logo do mês, as tensões no Oriente Médio ganharam destaque no noticiário, após ataques dos Estados Unidos ao Irã e a posterior trégua. A percepção de risco se eleva, mas ainda não observamos reações de forma expressiva nos preços de mercado. Na conversa, Thomas destacou que o Irã reúne três características particularmente preocupantes: possui cerca de 10% das reservas de petróleo, adota uma estrutura política teocrática rígida e acelera seu programa nuclear. Isso torna o país uma peça central em potenciais choques macroeconômicos.
O risco de fechamento do Estreito de Ormuz — canal por onde trafegam 20% a 25% do petróleo global — permanece no radar. Embora aparentemente improvável à luz das discussões atuais, esse movimento teria impacto imediato sobre os preços do petróleo, pressionando a inflação e os juros em diversos países. A percepção é de que esse risco permanece contido, mas não pode ser totalmente descartado.
Nos Estados Unidos, a política monetária continua sendo desafiada por um cenário ambíguo: a economia segue resiliente, com dados fortes de atividade, mas sem uma trajetória clara de desaceleração. As tarifas sobre produtos chineses adicionam incertezas; e o Fed ainda avalia o impacto desses choques sobre a inflação. Caso o repasse inflacionário seja moderado, há espaço para cortes em direção à taxa neutra. Caso contrário, a estratégia pode ser a chamada “recalibração” — cortes pontuais que mantêm os juros em terreno contracionista, mas menos restritivo.
Sobre a estratégia do Itaú Artax, Daniel Brum assinalou o papel de países como México e Chile na carteira internacional. O México foi uma das posições recentes — com aplicada em juros (que se beneficia com a queda das taxas), diante de desaceleração doméstica e inflação controlada —, mas boa parte da posição foi encerrada recentemente. O time segue em modo de observação, buscando novas assimetrias.
Cenário local
Em sua última reunião (dias 17 e 18 de junho), o Comitê de Política Monetária elevou a Selic para 15%, declarando que a porta está fechada para novos aumentos e que cortes não estão no horizonte próximo. Thomas pontuou que essa comunicação faz parte da estratégia do Banco Central: sinalizar firmeza para manter as taxas futuras elevadas.
O câmbio, por sua vez, tem se beneficiado de dois fatores: fluxo de capital em busca de mercados neutros em meio a tensões globais e o diferencial de juros elevado em relação aos Estados Unidos. No entanto, esse movimento é sensível a ruídos fiscais e políticos. A corrida eleitoral de 2026 e a condução da política fiscal já impactam a taxa de câmbio, com o mercado atento a qualquer sinal relacionado ao fiscal.
Daniel reforçou que, diante desse cenário desafiador, a gestão dos fundos da família Itaú Artax permanece tática, evitando posições estruturais mais arriscadas. A equipe opera com foco em assimetrias claras, buscando oportunidades de curto prazo, sem comprometer a consistência de longo prazo.
Em suma, o cenário segue incerto e volátil, tanto no exterior quanto no Brasil. As decisões do Fed, os desdobramentos fiscais e a condução da política monetária serão determinantes para os próximos meses.
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