7 perguntas e respostas sobre as eleições dos EUA após desistência de Biden

No Radar do Mercado: em meio à desistência de Biden da candidatura, surgem novas dúvidas sobre a corrida eleitoral nos EUA; nova edição do Relatório Focus apontou variação na projeção de inflação de 2024

Por Itaú Private Bank

3 minutos de leitura

Neste domingo, 21, o atual presidente dos EUA, Joe Biden, anunciou sua desistência da candidatura às eleições em favor da atual vice-presidente, Kamala Harris. A mudança veio em linha com as especulações recentes e pode trazer fôlego para o Partido Democrata nas eleições deste ano.

Confira agora 7 perguntas e respostas relevantes sobre a desistência de Biden e o futuro da corrida eleitoral nos EUA:

  • A saída de Biden muda as perspectivas para a eleição?

Sim, no entanto, ainda não está claro o quanto isso vai influenciar o resultado da eleição. Nossos consultores acreditam que Trump continuará sendo o favorito.

  • Kamala Harris será de fato a candidata do Partido Democrata?

Provavelmente. Todos os nossos consultores dão mais de 80% de probabilidade de Kamala ser a candidata democrata, inclusive levando em consideração que a chapa obteve US$ 50 milhões em doações apenas ontem. Apesar disso, Kamala ainda não recebeu o apoio formal do Líder da Maioria no Senado, Chuck Schumer, da ex-presidente da Câmara, Nancy Pelosi, do Líder da Minoria na Câmara, Hakeem Jeffries, e do ex-presidente, Barack Obama.

  • Quais são as forças e fraquezas de Kamala?

Kamala já é conhecida nacionalmente, tem resultados melhores nas pesquisas do que Biden, herda a arrecadação de fundos e a estrutura de campanha. Além disso, traz diversidade para a mesa e tem sido uma voz forte na discussão sobre aborto, de modo que provavelmente se sairá melhor com eleitores mais jovens e minorias.

Por outro lado, sucessores de candidatos incumbentes têm menores chances de vencer, especialmente dado o atual nível de aprovação do governo. Além disso, as pesquisas mostram que os eleitores têm, em sua maioria, uma visão negativa sobre Kamala, com taxas de aprovação apenas um pouco melhores do que as de Biden. Em comparação com o atual presidente, ela tem resultados apenas ligeiramente melhores contra Trump.

  • Se Kamala for mesmo a candidata, o programa econômico será diferente?

Provavelmente não. Ela tem sido mais vocal sobre pautas como a extensão ao acesso à cobertura de saúde, legalização da cannabis, controle de armas, enfrentou empresas de petróleo por poluição e abordou temas de justiça ambiental como procuradora-geral na Califórnia. Ainda sobre a temática ambiental, ela se opõe à perfuração offshore e ‘fracking’, atividades de exploração petrolífera.

  • Quando saberemos quem é o candidato?

Ainda é incerto, provavelmente antes da Convenção, que é apenas em 19 de agosto.

  • A saída de Biden aumenta ou reduz a probabilidade de um controle do Congresso por um único partido?

Difícil saber neste momento. A troca de candidatos pode oferecer um impulso ao partido democrata, mas a extensão de tal efeito é de difícil mensuração à esta altura.

  • Quais são as implicações para investimentos?

Por enquanto, isso deve significar algum retrocesso para os “Trump trades” que têm ocorrido desde o fiasco do debate de Biden - e ainda mais desde a tentativa de assassinato de Donald Trump em 13 de julho. No entanto, os "Biden trades" devem ganhar algum impulso.

Além disso, a decisão de Biden tende a reverter ligeiramente o processo de incorporação da possibilidade de vitória de Donald Trump nos preços de ativos, que, entre outras coisas, tem contribuído para o fortalecimento do dólar no mundo.

Ainda hoje, divulgaremos um áudio no YouTube com mais detalhes sobre a nossa visão sobre o assunto. Não perca!

Relatório Focus: expectativas para inflação avançam para 2024

O Banco Central divulgou hoje mais uma edição do Relatório Focus. De maneira geral, houve avanço na projeção do IPCA para 2024 e estabilidade para 2025 e 2026.

Na comparação com a semana anterior, a mediana das estimativas do IPCA avançou para 2024 (de 4,00% para 4,05%). Para 2025 e 2026, as projeções seguiram inalteradas em 3,90% e 3,60%, respectivamente. Vale lembrar que a meta do Conselho Monetário Nacional (CMN) é de 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

Com relação à atividade econômica, as estimativas para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) avançaram para 2024, de 2,11% para 2,15%, enquanto recuaram em 2025, de 1,97% para 1,93%. Para 2026, houve estabilidade em 2,0%.

No âmbito da política monetária, as projeções para a taxa Selic seguiram inalteradas em todo o período analisado, em 10,50% para 2024, em 9,50% para 2025 e 9,0% para 2026.Por fim, a estimativa para a taxa de câmbio registrou alta de 8 centavos para 2024, para R$/US$ 5,30. Já para 2025 e 2026, as projeções avançaram ligeiramente, ambas de R$/US$ 5,20 para R$/US$ 5,23.

China surpreende com corte de juros

O Banco Central da China (PBoC, na sigla em inglês) cortou inesperadamente em 10 pontos-base suas taxas de juros. As taxas de juros da Loan Prime Rate (LPR) de um ano passaram para 3,85%, e de cinco anos (referência para hipotecas) para 3,35%. As taxas de recompra reversa de sete dias e a do mecanismo de “facilidade constante de empréstimos” (SLF, na sigla em inglês) também foram reduzidas na mesma proporção.

Nossa visão: vemos esta mudança como resultado dos esforços do governo para atingir a meta de crescimento de 5% para 2024, especificamente após os fracos dados de atividade do segundo trimestre e de junho. Acreditamos que esta foi uma medida cautelosa e as nossas expectativas para a reunião do Politburo (comitê executivo do partido comunista) de julho são de que não anunciem novas medidas, uma vez que o foco estará na implementação do estímulo fiscal já anunciado.

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