Desemprego no Brasil surpreende para baixo e inflação nos EUA surpreende para cima

No Radar do Mercado: IBGE divulgou que a taxa de desemprego brasileira no trimestre de março a maio foi de 6,2%, levemente abaixo da mediana das expectativas do mercado. Nos EUA, núcleo do PCE, indicador favorito do Fed, veio acima do esperado para o mês de maio

Por Itaú Private Bank

5 minutos de leitura

Desemprego recua novamente em abril

O IBGE divulgou nesta sexta-feira, 27, os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua indicando que a taxa de desemprego para o trimestre de março a maio foi de 6,2%, levemente abaixo da mediana das expectativas do mercado (6,3%). O resultado veio 1,0 ponto percentual abaixo do mesmo trimestre de 2024. Na série com ajuste sazonal, a taxa de desemprego também recuou de 6,2% no trimestre encerrado em abril para 6,1% no trimestre encerrado em maio.

A queda da taxa foi resultado do aumento do emprego (+0,3% na variação mês contra mês, com ajuste sazonal) acima do aumento da força de trabalho (+0,1% na mesma comparação). Já a taxa de participação avançou 0,1% p.p. para 62,6%, combinando o aumento da força de trabalho com a expansão da população em idade ativa. A população ocupada, por sua vez, cresceu no setor formal (+0,5%) e ficou estável no setor informal.

Na parte de rendimento, a massa salarial efetiva avançou 0,2%, impulsionada tanto pela expansão do emprego quanto pelo aumento no rendimento médio, que foi de 0,2% na variação mês contra mês, com ajuste sazonal.

Nossa visão: os dados divulgados hoje continuam mostrando um mercado de trabalho robusto, com desemprego em queda e crescimento da massa salarial em termos reais.

Inflação de maio vem acima do esperado nos EUA, mas consumo perde força

O núcleo do Índice de Preços das Despesas de Consumo Pessoal (PCE, na sigla em inglês), dos EUA, que exclui componente mais voláteis, como energia e alimentos, cresceu 0,2% em maio na comparação com abril, levemente acima do esperado pelo mercado (0,1%). Já na base anual, o núcleo do PCE acelerou de 2,5% para 2,7% na passagem mensal, também acima do esperado (2,6%). O indicador “cheio” do PCE, por sua vez, registrou crescimento de 0,1% no mês contra mês, enquanto, na base anual, houve um avanço de 2,1% em abril para 2,3% agora.

O Escritório de Análise Econômica (BEA, na sigla em inglês) também informou que os gastos pessoais dos consumidores americanos caíram 0,3% em termos reais, ante expectativa de estabilidade. O resultado reflete uma perda de folego após a antecipação de compras no início do ano, motivada pelas tarifas comerciais implementadas pelo governo Trump. Com isso, os gastos seguem em ritmo fraco, surpreendendo negativamente.

Nossa visão: os dados divulgados hoje mostram uma inflação ligeiramente acima do esperado, mas com uma abertura que, por enquanto, segue sem mostrar impacto tarifário. O dado de consumo, por outro lado, apresentou desaceleração maior do que o antecipado – e somada com revisões para baixo de leituras anteriores – apresenta um ponto de atenção para o curto prazo. Contudo, a combinação de inflação ligeiramente mais alta e atividade mais fraca na margem não altera a perspectiva de manutenção das taxas de juros pelo Federal Reserve na próxima reunião, que deve seguir aguardando mais dados.

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