Ata do Copom: fim de ciclo

Foi divulgada a ata da reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom). O documento trouxe mais detalhes do encontro em que houve a decisão unânime de manter a taxa Selic estável em 10,50%.

O documento apontou que o cenário internacional se mostra mais adverso, com destaque para a incerteza quanto à flexibilização da política monetária nos Estados Unidos e quanto à persistência do processo desinflacionário nas principais economias. Já no âmbito doméstico, as autoridades reconheceram o dinamismo do mercado de trabalho e resiliência da atividade econômica, além da piora nas projeções de inflação e incertezas quanto ao ritmo de desinflação à frente. Assim, a conjuntura econômica mais incerta exige maior cautela na condução de política monetária.

Um aspecto que merece atenção é que o Copom aumentou sua estimativa de taxa neutra, aquela que equilibra a oferta e demanda por poupança e investimento na economia, de 4,50% para 4,75% e considerou que o hiato do produto fechou (ou seja, apontando que praticamente não há capacidade ociosa na economia). Essa combinação, em nossa opinião, torna mais difícil equacionar a projeção de inflação de 3,1% para 2025, em um cenário alternativo com a manutenção de juros constantes em 10,50%.

Além disso, as autoridades adotaram um tom mais duro ao abordar o balanço de riscos. Enquanto anteriormente alguns membros consideravam os riscos de inflação assimétricos para cima, nessa última reunião a maioria decidiu manter o balanço de riscos simétrico. Esse posicionamento abre alguma margem para o endurecimento da retórica do Copom no futuro.

Acreditamos que nenhum aspecto da ata divulgada hoje sugere que o próximo movimento da Selic será de queda. Assim, seguimos com a visão de que o Copom manterá a taxa Selic inalterada em 10,50% a.a. durante todo o horizonte de política monetária.

Quer deixar um comentário? Clique aqui!