Confira nossa revisão de cenários de julho
No Radar do Mercado: revisamos nossos cenários macro considerando a piora dos fundamentos domésticos e a desinflação gradual no ambiente internacional
Por Itaú Private Bank
Cenário Brasil: No Limite
Com forte alta dos gastos e agenda de receitas próxima ao limite de crescimento, a percepção de risco fiscal piorou. Para sinalizar a sustentabilidade da regra de despesas do arcabouço, iniciativas de economia de gastos são fundamentais. Por ora, mantivemos nossas projeções de déficit primário em 0,6% do PIB em 2024 e 0,9% do PIB em 2025.
Dada a piora dos fundamentos domésticos, revisamos para cima as projeções de taxa de câmbio para R$ 5,30 por dólar em 2024 e R$ 5,40 por dólar em 2025. Revisamos para cima também as projeções de inflação para 4,0% em 2024 e 2025, incorporando o efeito de um câmbio mais depreciado sobre alimentos e bens industriais e o reajuste recente de gasolina. O balanço de riscos para ambos os anos segue assimétrico de alta.
Mantivemos as projeções do PIB para 2024 e 2025 em 2,3% e 1,8%, respectivamente. Além disso, seguimos projetando a taxa Selic estável em 10,50% a.a. até o final de 2025, mas com mais risco, especialmente em função da dinâmica recente do câmbio, que pode impactar a inflação à frente.
Vale ressaltar que nossas projeções têm como pressuposto o anúncio de um bloqueio nas despesas (de 20 a 30 bilhões de reais) no próximo relatório bimestral do Tesouro, em 22 de julho. Uma eventual frustração traria um dano de credibilidade para o arcabouço fiscal e a política econômica em geral, com impactos potencialmente significativos sobre preços de ativos.
Cenário – Global: Desinflação gradual permite ciclo de corte de juros com cautela
Nos EUA, a atividade em desaceleração gradual e inflação mais fraca permitem o início de corte de juros, que deve começar em setembro (ante dezembro em nosso cenário anterior). Na Europa, sem mudanças no cenário, apesar de incertezas políticas na França. Esperamos um PIB de 0,7% em 2024 e mais dois cortes de juros no ano. Na China, seguimos com a projeção de crescimento de 5,0% em 2024, mas desafios estruturais permanecem. Por fim, para a América Latina, baixamos nossas projeções de crescimento em vários países.
Serviços ficaram estáveis em maio
Em maio, a receita real do setor de serviços ficou estável (0,0%) na comparação mensal segundo o IBGE, acima da nossa projeção (-0,8% m/m) e das expectativas do mercado (-0,7% m/m). Na base anual, houve crescimento de 0,8%.
A leitura estável em maio teve três das cinco atividades pesquisadas mostrando taxas negativas, com destaque negativo para os transportes. Em contrapartida, os serviços prestados às famílias registraram o maior avanço no mês.
Nossa visão: assim como os dados de vendas no varejo, o setor de serviços surpreendeu para cima. Os serviços prestados às famílias recuperaram integralmente a perda observada no mês anterior, movimento possivelmente explicado por shows e eventos de grande magnitude. Além disso, as enchentes do Rio Grande do Sul parecem ter tido efeito menor do que o esperado sobre a atividade econômica em maio e os dados para junho seguem apontando para uma atividade econômica resiliente.
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