Copom interrompe ciclo de quedas de juros

No Radar do Mercado: o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve a taxa Selic em 10,50% ao ano

Por Itaú Private Bank

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Fonte: Getty Images

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central interrompeu o ciclo de queda de juros e optou por manter a taxa Selic em 10,50% ao ano. A decisão foi unânime e veio em linha com as expectativas do mercado.

No comunicado, o comitê destacou que o ambiente externo segue adverso em função das incertezas em torno de quando o Federal Reserve (banco central americano) cortará os juros nos EUA e da velocidade com que a inflação irá cair em diversos países. No cenário doméstico, marcado por resiliência na atividade e por piora nas projeções de inflação, ressaltou que monitora com atenção os desenvolvimentos recentes da política fiscal e seus impactos sobre a política monetária e os ativos financeiros.

Diante desse cenário, o comitê justificou a necessidade de maior cautela. Além disso, ressaltou que a Selic deve seguir em patamar contracionista por tempo suficiente até que se consolide o processo de desinflação e de ancoragem das expectativas em torno das metas.

A decisão deve ajudar a reconstruir a confiança no compromisso do comitê com a meta de inflação, que aparentemente havia sido prejudicada pelo dissenso anterior.

Ainda esperamos que a taxa Selic termine este ano e o próximo no patamar atual. Saberemos mais detalhes sobre a decisão de hoje na ata da reunião, que será divulgada na terça-feira, 25 de junho.

Nossa visão para os mercados

Desta vez, não houve surpresas e o Banco Central acabou entregando exatamente o que o mercado esperava.

A reação deve ser positiva na abertura dos mercados amanhã, com redução de taxas principalmente na parte mais longa da curva de juros nominal. Já as NTN-Bs tendem a apresentar um comportamento mais tímido, uma vez que parte da queda na taxa nominal deve ser transmitida diretamente para a inflação implícita e, com isso, o juro real deve permanecer próximo da estabilidade em relação ao fechamento de hoje.

Um ponto que merece ser observado é que alguns agentes de mercado poderão interpretar a escolha do verbo interromper para descrever a decisão de hoje como um possível sinal de que, na eventualidade de um cenário mais positivo à frente, o Banco Central poderia retomar o ciclo de queda da Selic (ainda que suas projeções atuais de inflação não pareçam dar margem para essa possibilidade no curto prazo).

Neste contexto e diante dos desafios e incertezas domésticas e internacionais, reiteramos nossa recomendação acima do neutro para ativos de renda fixa de juro real (IPCA+), que oferecem taxas atrativas com o diferencial da preservação do poder de compra. Ativos prefixados também oferecem prêmio atrativo, porém sua natureza nominal implica maior risco. Por isso, entendemos que manter a alocação neutra nesta classe continua a fazer mais sentido. Por fim, diante da perspectiva de juros elevados por mais tempo, ativos pós-fixados devem continuar a apresentar bom desempenho.

Em relação ao Real, a decisão de hoje pode ajudar a impulsionar nossa moeda para um patamar um pouco mais valorizado nos próximos dias. Porém, é importante reconhecer que apenas a redução consistente dos riscos do cenário poderá tornar esta dinâmica permanente. Acreditamos ser mais provável que nossa moeda continue a apresentar comportamento volátil.

Por fim, a decisão unânime do Copom deve ser bem recebida pelos investidores em renda variável, uma vez que ajuda a mitigar receios sobre uma política monetária mais volátil à frente. Por outro lado, a manutenção de juros em patamar elevado é um obstáculo para o mercado de ações, especialmente para empresas com alto endividamento. Acreditamos que a política monetária nos Estados Unidos e as perspectivas para a questão fiscal local serão fatores importantes para o desempenho da bolsa no curto prazo.

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