Desemprego recua no Brasil, enquanto PIB e inflação decepcionam nos EUA
No Radar do Mercado: mercado de trabalho segue mostrando resiliência no Brasil. Nos EUA, PIB do primeiro trimestre e inflação de março vêm abaixo do esperado. Enquanto PIB da Zona do Euro surpreende para cima e PMIs da China mostram desaceleração
Por Itaú Private Bank
Desemprego recua na série com ajuste sazonal
O IBGE divulgou nesta quarta-feira, 30, os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua indicando que a taxa de desemprego subiu de 6,8% no trimestre encerrado em fevereiro para 7,0% no trimestre encerrado em março. O resultado veio em linha com a nossa projeção e com a mediana das expectativas do mercado, ambas de 7,0%.
Na nossa estimativa da série com ajuste sazonal, no entanto, a taxa de desemprego caiu de 6,5% no trimestre encerrado em fevereiro para 6,4% em março, resultado do aumento do emprego (0,2% na variação mês contra mês, com ajuste sazonal) maior do que o aumento da força de trabalho (0,1%). Já a taxa de participação ficou estável em 62,4%, combinando o aumento da força de trabalho com a expansão da população em idade ativa. A população ocupada, por sua vez, cresceu no setor formal (0,5%), mas contraiu no informal (-0,3%).
Na parte de rendimento, a pesquisa indicou um aumento de 0,7% na massa salarial real efetiva, impulsionada tanto pela expansão do emprego formal quanto pelo aumento do rendimento médio, que registrou alta de 0,6% no mês contra mês, com ajuste sazonal.
Nossa visão: os dados divulgados hoje indicam que o mercado de trabalho segue resiliente. Esta foi a menor taxa de desemprego para um trimestre encerrado em março e o maior rendimento real habitual (R$ 3.410) em toda a série histórica, iniciada em 2012. Diante disso, nossa previsão continua sendo de que a taxa de desemprego encerrará 2025 em 6,8%, um pouco acima de 2024 (6,6%), com os efeitos da esperada desaceleração gradual da atividade econômica à frente impactando o mercado de trabalho com alguma defasagem.
PIB dos EUA recua no primeiro trimestre
O Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA recuou 0,3% no primeiro trimestre de 2025, segundo dados divulgados hoje pelo Escritório de Análise Econômica (BEA, na sigla em inglês) dos EUA. No trimestre anterior, o indicador avançou 2,4% na comparação trimestral anualizada. A leitura de hoje veio abaixo das expectativas do mercado, que apontavam para uma contração menos intensa, de 0,2%.
Em nota, o BEA avaliou que a variação negativa do PIB no primeiro trimestre se explica principalmente por um aumento de 41,3% nas importações, principalmente de bens de consumo (exceto alimentos e automóveis), no que interpretamos como uma antecipação por parte das empresas e famílias ao choque tarifário que se acentuaria com o anúncio das tarifas recíprocas no começo de abril. Além disso, o BEA também citou a redução de 1,4% dos gastos governamentais como um dos motivos da queda apresentada no trimestre.
Inflação de março nos EUA fica abaixo do esperado
O núcleo do Índice de Preços das Despesas de Consumo Pessoal (PCE, na sigla em inglês), dos EUA, que exclui os componentes mais voláteis, como energia e alimentos, ficou estável (0,0%) em março, abaixo da expectativa do mercado (0,1%) e do resultado de fevereiro (0,5%). Na base anual, o núcleo do PCE subiu 2,6%, em linha com o esperado e abaixo dos 3,0% de fevereiro (dado revisado de 2,8% divulgado anteriormente).
O indicador “cheio” do PCE, por sua vez, também registrou estabilidade em março em relação a fevereiro, conforme o mercado já projetava. Em fevereiro, havia sido registrada uma alta de 0,4% (revisada de 0,3%). Assim, na base anual, o PCE de março subiu 2,3%, acima da expectativa de 2,2% do mercado.
O Escritório de Análise Econômica (BEA, na sigla em inglês) também informou que os gastos pessoais dos consumidores americanos subiram 0,7% em março, acima da expectativa do mercado (0,6%) e do resultado de fevereiro (0,5%, revisado de 0,4%), o que pode indicar uma antecipação do consumo, antes do maior impacto das tarifas sobre importações. Já na parte de renda pessoal, o índice de subiu 0,5% em março, acima da expectativa de alta de 0,4%, mas abaixo do resultado de fevereiro (0,7%, revisado de 0,8%).
PIB da Zona do Euro surpreende no primeiro trimestre
O Produto Interno Bruto (PIB) da Zona do Euro surpreendeu positivamente, avançando 0,4% no primeiro trimestre do ano em relação ao trimestre anterior, de acordo com o Escritório de Estatísticas da União Europeia (Eurostat). O resultado veio acima das nossas expectativas (0,3%) e da mediana das expectativas do mercado (0,2%).
Apesar de não ter revelado maiores detalhes sobre a composição do número, na divisão por países, a Espanha foi destaque entre as principais economias do bloco, avançando 0,6% no período. Itália e França apresentaram expansões de 0,2% e 0,1%, respectivamente. Já a Alemanha, maior economia do bloco, cresceu 0,2% com crescimento tanto no consumo privado quanto no investimento fixo, segundo informado.
Nossa visão: no geral, o resultado reforçou a leitura de que a atividade europeia estava indo bem antes do choque tarifário (em abril), sustentada pelo crédito em meio a juros mais baixos. No entanto, as tarifas recentemente introduzidas pelos EUA devem impactar negativamente a atividade econômica à frente e abrir caminho para mais cortes de juros por parte do Banco Central Europeu (BCE).
PMIs da China indicam desaceleração em abril
O Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) industrial da China recuou de 50,5 em março para 49,0 em abril, segundo informou o Escritório Nacional de Estatísticas (NBS, na sigla em inglês). O resultado veio abaixo das expectativas do mercado (49,7) e do limite de 50 pontos, o que indica que a atividade industrial entrou em patamar contracionista.
Enquanto isso, o PMI de serviços da China foi de 50,8 em março para 50,4 em abril, contra uma expectativa do mercado de 50,5. Apesar da queda, o índice ainda se manteve em patamar de expansão.
Já o PMI Caixin, resultado de uma pesquisa privada do setor industrial chinês, registrou índice de 50,4 em abril, ainda em território expansionista e acima das expectativas do mercado (49,8), mas abaixo dos 51,2 observados no mês anterior.
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