Guerra comercial se concentra em EUA e China; serviços no Brasil e CPI dos EUA surpreendem

Após o anúncio, na tarde de ontem, 9, do presidente dos EUA, Donald Trump, de reduzir as taxas sobre produtos importados de mais de 180 países para 10% pelos próximos 90 dias, mas de sobretaxar os produtos vindos da China em 125%, Pequim não anunciou uma nova retaliação, mas permitiu que as tarifas adicionais de 84% sobre produtos americanos já anunciadas até então entrassem em vigor hoje.

Com o recuo feito pelos EUA, alguns países começaram a rever medidas de retaliação que estavam prestes a ser anunciadas. É o caso da União Europeia, que suspendeu, pelo mesmo prazo de 90 dias, as tarifas de 25% sobre alguns produtos americanos que seriam aplicadas a partir de 15 de abril. Dessa forma, a guerra comercial entra em uma nova fase, mais concentrada entre China e EUA por ora.

O volume de serviços do Brasil avançou 0,8% em fevereiro, recuperando a queda de 0,6% registrada em janeiro, segundo dados da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) divulgada nesta quinta-feira, 10, pelo IBGE. O resultado veio acima da nossa projeção (0,4%) e da mediana das expectativas do mercado (0,0%). Comparado a fevereiro de 2024, o setor expandiu 4,2%.

A variação positiva foi impulsionada por segmentos como “serviços de informação e comunicação”, que cresceram 1,8%. Outras três das cinco atividades pesquisadas tiveram resultados positivos no mês: “serviços profissionais, administrativos e complementares” (1,1%), “outros serviços” (2,2%) e “serviços prestados às famílias” (0,5%).

Nossa visão: o resultado de hoje acima das expectativas reforça nosso cenário de forte crescimento no começo desse ano.

O Departamento do Trabalho dos EUA informou nesta quinta-feira, 10, que o Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) caiu 0,1% em março na comparação com fevereiro, abaixo da mediana das estimativas, que era de uma alta de 0,1%. Com isso, o índice acumula alta de 2,4% em 12 meses, abaixo dos 2,5% estimados e da leitura anterior (2,8%).

Já o núcleo do indicador, que desconsidera itens mais voláteis, como alimentos e energia, aumentou 0,1% em março, desacelerando em relação ao 0,2% registrado em fevereiro, também abaixo das expectativas do mercado (0,2%). Com isso, na base anual, o indicador recuou de 3,1% em fevereiro para 2,8% em março.

Olhando para a composição, o componente de energia caiu 2,4% em março, puxado pela queda de 6,3% da gasolina. Os alimentos, no entanto, aceleraram para 0,4% no mês. Olhando para as contribuições no núcleo do indicador, a parte de bens registrou deflação no mês, enquanto serviços desaceleraram.

Nossa visão: o resultado abaixo do esperado indica um quadro de desinflação benigna na margem, com recuo em serviços e inflação menos disseminada na ponta. A continuidade deste processo, contudo, permanece incerta diante das tarifas implementadas e o esperado impacto inflacionário, que ficarão mais evidentes adiante.

O Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) divulgou a ata da última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) na tarde ontem, 9, destacando riscos para os dois lados do seu mandato de máximo emprego e inflação na meta de 2,0% ao ano, com maior incerteza no horizonte.

O documento indicou que os riscos de desaceleração econômica e de inflação mais alta levaram os membros do Fomc a adotarem uma postura cautelosa, mas vale destacar as várias menções e alertas sobre o risco de uma inflação mais persistente do que a previsão do Comitê. A ata mencionou também a preocupação dos membros com as expectativas de inflação, sobretudo as de longo prazo, que, embora permaneçam ancoradas, têm registrado aumentos generalizados.