IPCA desacelera em abril, mas acumulado em 12 meses se distancia ainda mais da meta
No Radar do Mercado: IBGE divulga inflação de abril praticamente em linha com esperado. Enquanto isso, nos EUA, Trump anuncia primeiro acordo comercial desde a implementação das tarifas recíprocas
Por Itaú Private Bank
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou alta de 0,43% em abril, desacelerando em relação ao registrado em março (0,56%) e praticamente em linha com a nossa projeção (0,44%). Com isso, em 12 meses, o IPCA passou a acumular alta de 5,53%, acima dos 5,48% acumulados nos 12 meses imediatamente anteriores, se distanciando um pouco mais do teto do intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual ao redor da meta de 3,0% ao ano definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
À exceção dos Transportes (-0,38%), todos os demais grupos de produtos e serviços pesquisados apresentaram alta na passagem mensal, com destaque para Saúde e cuidados pessoais (1,18%), Vestuário (1,02%) e Alimentação e bebidas (0,82%), este último responsável pelo maior impacto (0,18 p.p.) do índice do mês.
Entre os itens, destaque para o aumento de produtos farmacêuticos, que subiram 2,32% no mês em que um reajuste de até 5,09% no preço dos medicamentos foi aprovado, e por alimentos como a batata-inglesa (18,29%), tomate (14,32%) e café moído (4,48%). Já a queda da passagem aérea (-14,15%) e dos combustíveis (-0,45%) contribuiu para baixo, influenciado pela redução no preço do óleo diesel nas refinarias desde o começo de abril.
Nossa visão: o dado de hoje, em linha com a nossa expectativa, seguiu mostrando um qualitativo desfavorável. Apesar da média dos núcleos, que tem maior relação com o ciclo econômico, ter desacelerado no mês (de 6,0% para 5,8%), houve aceleração do núcleo de industriais (de 4,0% para 5,2%), enquanto o de serviços seguiu em patamar elevado (7,8%), apesar da estabilidade.
EUA e Reino Unido anunciam acordo comercial
Os EUA e o Reino Unido anunciaram ontem, 8, um acordo comercial que mantém a tarifa de 10% sobre os produtos britânicos importados pelos EUA e reduz a taxação de 5,1% para 1,8% sobre os produtos americanos importados pelo Reino Unido. Apesar de esse ter sido o primeiro grande acordo divulgado desde o anúncio das tarifas recíprocas pelo presidente Donald Trump no início de abril, ele não tem impacto relevante sobre o cenário macroeconômico, já que a baixa participação dos britânicos na pauta de importação americana pouco altera a tarifa efetiva média praticada pelos EUA.
Os detalhes do acordo ainda serão finalizados nos próximos dias, mas as partes envolvidas já confirmaram que ele envolverá: uma cota de importações de 100 mil automóveis britânicos pelos EUA (muito próximo do total de 101 mil importados no ano passado) sobre os quais incidirão uma taxação reduzida de 25% para 10%; tarifas zeradas sobre aço e alumínio; a compra de US$ 10 bilhões em aviões da Boeing por parte do Reino Unido; além da redução de tarifas e revisão de barreiras tarifárias envolvendo produtos e setores como carne, etanol, produtos agrícolas e máquinas.
O acordo de ontem pode ter sinalizado uma direção para as próximas negociações, com os 10% de tarifas adicionais impostas pelos EUA funcionando como piso para as conversas com os demais países e a tarifa efetiva potencialmente sendo reduzida via isenção de produtos específicos e definição de cotas de importação.
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