Primeiras impressões sobre as consequências do atentado a Trump

No Radar do Mercado: após atentado, a chance de vitória de Donald Trump aumentou; nova edição do Focus registrou mudanças nas expectativas de inflação para 2024 e 2025

Por Itaú Private Bank

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Primeiras impressões sobre as consequências do atentado a Trump

A semana começou com as atenções dos mercados voltadas para a corrida eleitoral nos Estados Unidos, após Donald Trump (do Partido Republicano) ter sofrido um atentado a tiros durante um comício na Pensilvânia. A bala em direção a Trump passou de raspão e atingiu sua orelha.

Após o ocorrido, a chance de vitória de Trump aumentou para as eleições de novembro. O consenso moveu ainda mais, com o mercado de apostas agora dando 66% de probabilidade da vitória de Trump. Entre as várias razões para isso, uma delas é a forte reação de Trump imediatamente após o atentado, com uma inesperada atitude desafiadora, que provavelmente será vista como uma medida de força frente a uma percebida fraqueza de Joe Biden, atual presidente e candidato pelo Partido Democrata.

Além disso, o discurso democrata de que a vitória de Trump seria uma ameaça à democracia não tem mais espaço para continuar e deverá se concentrar agora nas questões sociais e econômicas, ainda mais após as notícias recentes de que o discurso também vai ser mais moderado durante a convenção republicana que começa nesta segunda-feira, 15. Segundo nossos consultores, a convenção será uma grande chance para energizar e consolidar a vantagem na campanha eleitoral.

Do lado democrata, o escrutínio sobre a saúde de Biden sai do foco e os esforços para substitui-lo perdem força, mesmo frente à possível derrota em novembro. Todos os consultores dão baixa probabilidade de mudança de candidato nesta altura da campanha, mas reconhecem que um esforço pela substituição de Biden ainda pode acontecer nas próximas semanas. Uma alternativa seria uma maior ênfase na eleição parlamentar como uma forma de tentar reduzir a possibilidade de um Congresso dominado pelos Republicanos, o que aumentaria a chance de Trump implementar suas políticas.

A reação do mercado continua consistente com uma vitória de Trump, o que vem acontecendo desde o debate presidencial. Além do dólar forte, especialmente contra moedas emergentes, o comportamento dos juros longos é condizente com uma precificação de que no governo Trump haveria menos espaço para corte de juros pelo Fed. Na renda variável, o mercado continua esperando queda de juros ainda este ano e pode se beneficiar de possíveis cortes de impostos em um governo Trump.

Relatório Focus: expectativas para inflação avançam para 2025

O Banco Central divulgou hoje mais uma edição do Relatório Focus. De maneira geral, houve recuo na projeção do IPCA para 2024 e alta para 2025.

Na comparação com a semana anterior, a mediana das estimativas do IPCA recuou ligeiramente para 2024 (de 4,02% para 4,00%) enquanto avançou para 2025 (de 3,88% para 3,90%). Para 2026, a projeção segue inalterada em 3,60%. Vale lembrar que a meta do Conselho Monetário Nacional (CMN) é de 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

Com relação à atividade econômica, as estimativas para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) avançaram ligeiramente para 2024, de 2,10% para 2,11%. Para 2025 e 2026, houve estabilidade, em 1,97% e em 2,0%, respectivamente.

No âmbito da política monetária, as projeções para a taxa Selic seguiram inalteradas em todo o período analisado, em 10,50% para 2024, em 9,50% para 2025 e 9,0% para 2026.

Por fim, a estimativa para a taxa de câmbio registrou alta de 2 centavos para 2024, para R$/US$ 5,22. Já para 2025 e 2026, as projeções seguiram inalteradas, ambas a R$/US$ 5,20.

Dados de atividade da China mais fracos do que o esperado

O Produto Interno Bruto (PIB) da China cresceu 4,7%, na comparação anual, no segundo trimestre de 2024, abaixo das expectativas (5,1%) e do resultado anterior (5,3%). A comparação trimestral também surpreendeu para baixo, com uma desaceleração, de 1,6% para 0,7%. O resultado foi impulsionado pela moderação do consumo.

Ontem também houve a divulgação dos dados de atividade referentes a junho. Segundo o Escritório Nacional de Estatísticas (NBS, na sigla em inglês), a produção industrial veio em 5,3% na comparação anual, superando ligeiramente as expectativas (5,0%), mas abaixo do resultado anterior (5,6%), com moderação na manufatura, enquanto mineração teve melhora no mês.

Em junho, as vendas no varejo desaceleraram significativamente (de 3,7% para 2,0%), com moderação em quase todas as categorias analisadas. Por outro lado, os investimentos em ativos fixos registraram leve aceleração na comparação interanual, passando de 3,5% para 3,6%, com manufatura e infraestrutura registrando crescimento, enquanto setor imobiliário continua retraindo.

Nossa visão: no geral, acreditamos que o forte dinamismo do crescimento da atividade chinesa tem perdido força, com a demanda interna ainda fraca e com estímulos insuficientes (especialmente fiscais). Com isso, passamos a projetar um crescimento do PIB de 4,8% em 2024 (ante 5,0% anteriormente).

Atenções se voltam para a Terceira Plenária do Partido Comunista da China

No âmbito político, ao longo desta semana, ocorrerá a Terceira Plenária do Partido Comunista da China, que ocorre a cada 5 anos. O encontro deverá focar em desafios estruturais (como dívidas e receitas de governos regionais, previdência social e registro municipal para trabalhadores migrantes). Mais orientações sobre políticas mais imediatas serão divulgadas na reunião do Politburo no final do mês.

Acreditamos que o comitê seguirá focado no lado da oferta, reforçando a inovação e as “novas forças produtivas”, como os setores de tecnologia e verde. No geral, a mensagem da Terceira Plenária será positiva para o cenário de longo prazo da China, mas sem trazer impacto imediato.

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