Projeções de inflação do BC aumentam em todo o horizonte

No Radar do Mercado: projeções do Banco Central são consistentes com a continuidade do ciclo de alta da Selic; na China, Politburo adota tom de emergência

Por Itaú Private Bank

3 minutos de leitura

Relatório de inflação: projeções consistentes com continuidade do ciclo

O Banco Central divulgou o Relatório Trimestral de Inflação (RI) com elevação das projeções de inflação, que se afastaram ainda mais da meta em todo o horizonte relevante.

Segundo o documento, que agora estima inflação de 4,3%, 3,7% e 3,3% para 2024, 2025 e 2026, respectivamente, o aumento é devido à depreciação cambial, ao aumento das expectativas de inflação e ao crescimento da atividade econômica maior do que esperado.

O relatório também revisou para cima a projeção para o PIB de 2024, de 2,3% para 3,2%, incorporando a forte surpresa positiva na leitura do segundo trimestre.

Nossa visão: o cenário reforça a leitura de que o recém-iniciado movimento de alta de juros deve se estender ao longo dos próximos meses, em direção à nossa projeção de 12% a.a. ao fim do ciclo.

China: Politburo adota tom de emergência com mudanças nas mensagens fiscais e imobiliárias

Os formuladores de políticas econômicas da China promoveram uma reunião fora de época do Politburo, indicando um senso de urgência em relação às perspectivas econômicas. O encontro destacou a existência de novos desafios, mesmo que os fundamentos econômicos não tenham mudado. Os membros do Politburo defenderam que os estímulos fossem intensificados e reforçaram a necessidade de fazer um esforço para alcançar a meta de crescimento anual de cerca de 5%.

No âmbito fiscal, ressaltaram o compromisso com mais gastos, utilizando emissões de títulos especiais do tesouro de ultralongo prazo. O noticiário repercute a possibilidade de despesas em torno de 1,6% do PIB, montante que seria destinado ao ajuste da dívida de governos locais e estímulo ao consumo das famílias.

Quanto ao setor imobiliário, houve uma mudança significativa no tom adotado pelas autoridades. Os membros ressaltaram a necessidade de limitar a oferta de novos imóveis residenciais, defenderam a flexibilização das restrições à compra de imóveis e a redução das taxas de hipoteca pendentes.

Já em relação a política monetária, pediram "cortes de taxa vigorosos" em um tom sem precedentes desde 2012, em linha com os anúncios de um amplo pacote de apoio monetário, imobiliário e para o mercado de ações, feitos na terça-feira pelo Banco do Povo da China (PBoC, na sigla em inglês).

Nossa visão: acreditamos que as mensagens no quesito fiscal e de mercado imobiliário representaram uma mudança de postura e trazem um sinal claro de que o governo está disposto a pôr fim na crise imobiliária. Em relação ao PIB de 2024, mantemos nossa projeção de 4,8%, que já estava acima do consenso do mercado, em linha com o tom do Politburo, que reitera que a meta de "cerca de 5%" será alcançada.

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