Varejo decepciona em abril e governo apresenta MP com alternativas ao IOF
No Radar do Mercado: IBGE divulga dados do varejo com quedas tanto no ampliado quanto no restrito além do esperado em abril. Na noite de ontem, governo publica Decreto e MP alterando medidas do IOF e propondo alternativas para compensar a perda de receitas
Por Itaú Private Bank
Vendas no varejo decepcionam em abril
As vendas do varejo ampliado caíram 1,9% em abril no comparativo com março na série com ajuste sazonal, segundo dados da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) divulgada nesta quinta-feira, 12, pelo IBGE. O resultado ficou abaixo da mediana das expectativas do mercado, que era de -1,3%.
Já as vendas do varejo restrito, que exclui itens como veículos, motos, partes e peças, material de construção a atacarejo, caíram 0,4% no comparativo mensal com ajuste sazonal, um pouco acima da expectativa do mercado, que era de queda de 0,5%. Essa foi a primeira queda após três meses seguidos de crescimento.
Dos 10 setores pesquisados, quatro avançaram e seis contraíram. O destaque positivo no mês foi para “outros artigos de uso pessoal e doméstico”, com alta de 1,0%, e “livros, jornais, revistas e papelaria”, com alta de 1,6%. Por outro lado, os grupos de “combustíveis e lubrificantes”, (-1,7%), “hiper e supermercados” (-0,8%) e “veículos e autopeças” (-2,2%) puxaram o índice para baixo.
Nossa visão: o resultado do setor varejista em abril se soma ao resultado já divulgado da indústria no mesmo período, ambos abaixo da expectativa, reforçando sinais de desaceleração da atividade econômica. A Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) de abril será divulgada amanhã.
Governo apresenta MP com alternativas à redução do IOF
O governo federal publicou na noite de ontem, 11, um decreto que altera regras do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e uma medida provisória (MP) com medidas de compensação.
O decreto veio em linha com o que já vinha sendo noticiado nos últimos dias e envolve:
- a redução da alíquota fixa de crédito para empresas de 0,95% para 0,38%;
- a extinção da alíquota fixas sobre o risco-sacado;
- a isenção de IOF sobre o câmbio para retorno de investimento estrangeiro direto;
- uma alíquota de 0,38% para aquisição primária de cotas de Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs); e
- o aumento do limite de aporte em previdência privada para cobrança de 5% de IOF.
Do lado da MP, as propostas apresentadas pelo governo incluem:
- padronização da alíquota de Imposto de Renda (IR) de 17,5% sobre as aplicações financeiras, incluindo as criptomoedas, ou seja, o fim da alíquota regressiva para a renda fixa;
- inclusão da tributação de 5% sobre títulos incentivados anteriormente isentos, como LCI, LCA, CRI e CRA;
- elevação da tributação sobre a receita bruta de casas de apostas online (bets) de 12% para 18%;
- extinção da faixa de 9% e manutenção apenas das faixas de 15% e 20% da Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL) de instituições financeiras;
- alteração da alíquota de 15% para 20% sobre Juros sobre Capital Próprio (JCP).
O governo também adicionou no pacote apresentado algumas medidas de controle de gastos, como:
- a inclusão do programa Pé-de-Meia no piso constitucional da Educação;
- a limitação da concessão do Atestmed, de 180 dias para 30 dias;
- a limitação da concessão do seguro-defeso (um auxílio ao pescador) ao valor aprovado na Lei Orçamentária Anual (LOA); e
- uma limitação dos pagamentos de compensação previdenciária a estados e municípios.
A estimativa do governo é de elevar a arrecadação em R$ 7 bilhões em 2025 e R$ 14 bilhões em 2026 com as mudanças mantidas no IOF e R$ 10 bilhões este ano e R$ 20 bilhões no ano que vem com as mudanças propostas com a nova MP. No entanto, algumas medidas podem encontrar resistência para serem aprovadas no Congresso Nacional. Por outro lado, o governo sinalizou que os dividendos do BNDES e as receitas de leilões do pré-sal podem ajudar conjunturalmente a recompor a receita de maneira extraordinária para que a meta fiscal de déficit zero seja cumprida este ano.
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