Produção industrial brasileira e inflação da Zona do Euro vêm abaixo das expectativas

No Radar do Mercado: IBGE divulgou que a indústria brasileira praticamente andou de lado de março para abril. Na Zona do Euro, inflação vem abaixo da meta às vésperas de nova reunião do BCE. Já na China, PMIs da indústria trazem resultados diferentes, mas ambos com más notícias para o setor de exportação

Por Itaú Private Bank

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Produção industrial cresce menos do que o esperado em abril

Segundo dados da Pesquisa Industrial Mensal (PIM) de abril divulgada hoje, 3, pelo IBGE, a produção industrial brasileira cresceu 0,1% em relação a março, na série com ajuste sazonal. O resultado veio abaixo das expectativas do mercado, que esperava alta de 0,4%. Em relação a abril de 2024, houve queda de 0,3%. No ano, o setor acumula alta de 1,4%.

Três das quatro grandes categorias econômicos e 13 das 25 atividades industriais pesquisadas avançaram na passagem de março para abril. “Bens de capital” (1,4%), “Bens intermediários” (0,7%) e “Bens de consumo duráveis” (0,4%) apresentaram alta, enquanto “Bens de consumo semi e não duráveis” caíram 1,9%. Já entre as atividades, as influências mais positivas foram da indústria extrativa (1,0%) e de bebidas (3,6%). Por outro lado, “coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis” (-2,5%) e “produtos farmoquímicos e farmacêuticos” (-8,5%) estiverem entre os principais recuos.

Nossa visão: a leitura de abril abaixo do esperado mostrou uma indústria de transformação mais fraca, enquanto a indústria extrativa mostrou desempenho melhor. No geral, a indústria inicia o segundo trimestre praticamente estável.

Inflação desacelera na Zona do Euro

O Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) da Zona do Euro desacelerou para 1,9% em maio, ante 2,2% de abril, na comparação anual. O indicador veio abaixo das expectativas do mercado, que projetava uma desaceleração para 2,0%. Com esse resultado, a inflação do bloco se encontra agora ligeiramente abaixo da meta do Banco Central Europeu (BCE), que é de 2% ao ano no médio prazo.

Na mesma direção, o núcleo, que exclui os componentes mais voláteis (como alimentos e energia), recuou de 2,7% em abril para 2,3% em maio. O resultado também ficou abaixo da expectativa do mercado (2,5%). O destaque ficou com o componente de serviços, que passou de 4,0% em abril para 3,2%, seu menor nível desde março de 2022, enquanto bens apresentou alta menor, de 0,6% na mesma comparação.

Nossa visão: o resultado abaixo do esperado reforça a expectativa de corte de juros por parte do Banco Central Europeu (BCE) na reunião de quinta-feira, 5, movimento que já vinha sendo amplamente precificado pelos mercados. Na reunião, será importante acompanhar a atualização das projeções e o direcionamento dado pelo BCE na comunicação. Contudo, os próximos passos da autoridade monetária devem seguir condicionados à evolução das negociações comerciais entre os EUA e a União Europeia, que deve dar o tom para a atividade e inflação adiante.

PMIs industriais da China vêm em direções opostas

Os Índices de Gerentes de Compras (PMIs, na sigla em inglês) industrial da China apresentaram resultados diferentes. A divulgação do Escritório Nacional de Estatísticas (NBS, na sigla em inglês) no final da semana passada mostrou aceleração de 49,0 em abril para 49,5 em maio. Já o resultado do Caixin divulgado na noite de ontem mostrou recuo de 50,4 para 48,3 na passagem mensal. Vale lembrar que leituras acima de 50 representam expansão e índices abaixo, recuo do setor.

As duas pesquisas, no entanto, trouxeram notícias negativas para o setor de exportações da China. Enquanto a pesquisa Caixin, que está mais relacionada às exportações, apresentou resultado pior, a melhora apresentada pelo segmento na pesquisa NBS não foi suficiente sequer para fazer o segmento retornar ao patamar pré-aplicação das tarifas comerciais por parte dos EUA.

No final da semana passada, o NBS também divulgou o PMI não-manufatureiro da China, oscilando de 50,4 em março para 50,3 em abril, com serviços indo de 50,1 para 50,2 e construção recuando de 51,9 para 51,0.

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