Cobertura Web Summit Rio: Como a tecnologia pode tornar o mundo melhor
Por Itaú BBA
Se utilizada para o bem, a tecnologia pode salvar o mundo. De forma simples e resumida, essa foi a mensagem-chave que percorreu os 4 dias do Web Summit Rio. Aplicados com a intenção correta, recursos tecnológicos serão armas em batalhas que já desafiam a humanidade, como o frear aquecimento global, viabilizar o acesso a fontes de energia limpa, reduzir desigualdades sociais e garantir informação segura ao mundo.[1]
Cada vez mais debatida no universo dos investimentos e da reputação das empresas, a sigla ESG esteve em todo o evento. As três letras referem-se a âmbitos prioritários de atenção para todo e qualquer negócio daqui para frente: responsabilidade ambiental, social e de governança. Muito além de uma tendência, o ESG tornou-se critério de análise para quem investe e, cada vez mais, fator de decisão para quem consome.
A perspectiva da inovação voltada para o bem do planeta e do ser humano surgiu logo na cerimônia de abertura. Comunidade, diversidade, saúde mental e sustentabilidade foram temas abordados de forma otimista por líderes de startups em seus pitches e também por nomes como Ayo Tometi, líder e co-fundadora do Black Lives Matter; Txai Suruí, ativista que falou sobre o resgate da ancestralidade e a importância da população indígena na preservação do planeta, além de Kelly Burton, da Black Innovation, que abordou a superação de estereótipos para avançar nas pautas de representatividade e inclusão.
Tecnologia para salvar o meio ambiente
"Temos 7 anos para fazer algo importante. Esta urgência pode permitir a criação de um empreendimento avaliado em 12 bilhões de dólares: um 'dragão'". Esta foi apenas uma das frases impactantes ditas por Brian Walsh, Head da Wind Ventures, no painel Investing in Green Energy.
Na opinião dele e de outros painelistas, o investimento em soluções em prol do meio ambiente será fundamental conter a evolução das emissões de gases poluentes, do aquecimento global e de outros fenômenos que ameaçam a vida do planeta. No discurso, o investidor mencionou o tema da igualdade energética, com a democratização do acesso a fontes de energia limpa em todo o mundo. Sócio do fundo Kaszek, Santiago Fossatti reforçou o quanto os donos de capital têm buscado empreendedores que dominem ferramentas relacionadas às questões climáticas, uma das tendências para investimento nos próximos anos.
A tecnologia também pode colaborar na preservação do planeta quando se fala em mensuração de impactos ambientais, descarbonização e uso racional de recursos. Diversas greentechs apresentaram seus pitches, como a Muda, dedicada à restauração ecossistêmica na Mata Atlântica por meio do plantio de árvores monitoradas com geolocalizador. Outra participação de destaque foi a francesa Morfo, responsável pela semeadura de centenas de árvores por meio de drones, chegando a locais de difícil acesso e acelerando o plantio. "Nossas sementes são lançadas germinadas e, como trabalhamos com espécies nativas, é a população local que saberá colher na hora certa", disse o CEO da Morfo Brasil, Gregory Maitre.
Tecnologia para a evolução da sociedade
Voltada ao público de crianças neurodiversas, a vencedora do pitch de startups, Jade Autism, ilustra a importância do tema inclusão no evento. Ele surgiu também no painel What Makes a Great Founder, em que foi compartilhado o case da mexicana Vexi pela CEO Gabriela Estrada. A empresa oferece serviços financeiros mais humanizados e acesso a cartão de crédito ao público desbancarizado naquele país, o equivalente a 80% da população.
Outro case de transformação social positiva, gerando inclusão e oportunidade, foi contado pela executiva Gina Gotthilf. Cofundadora da Latitud e ex-vice presidente da plataforma de ensino de idiomas Duolingo[2] , afirmou que o negócio saltou de 3 milhões para 200 milhões de usuários na América Latina. “Se você tem privilégios, tem a responsabilidade de entregar recursos e conhecimento para as pessoas que não tiveram as mesmas oportunidades de realizarem grandes mudanças na sociedade", disse.
No contexto de fazer negócios na América Latina, o fundador e CEO da Kavak no Brasil, Roger Laughlin, falou das complexidades e dos desafios da região, mas, por outro lado, ressaltou que é um terreno fértil para soluções que farão enorme diferença na vida das pessoas. A plataforma utiliza-se da tecnologia para facilitar o acesso da população à compra de carros usados, democratizando o setor. "Quanto maior a solução, maior é a oportunidade" disse o executivo, enfatizando a importância de gerar impacto positivo na sociedade por meio do empreendedorismo.
Tecnologia em um mundo mais seguro
Ética e segurança foram temas de debates, marcados por diferentes pontos de vista, que se aplicam ao universo de governança e de cultura corporativa. Na opinião de Chelsea Manning, Security Consultant da Nym Technologies e um dos nomes mais esperados do festival, importantes mudanças culturais serão necessárias para que a tecnologia priorize a privacidade e a democracia na internet. Na opinião dela, o lado positivo dessa nova era é o potencial de conscientização das pessoas sobre temas centrais para a humanidade, como o aquecimento global e seus efeitos.
Manning citou a importância da criptografia na verificação e combate a informações falsas, preocupação compartilhada também na apresentação de Meredith Whittaker, presidente do Signal. A executiva criticou a concentração do poder e recursos para controlar a inteligência artificial nas mãos de grandes corporações dos Estados Unidos e da China. Para ela, a criptografia é vital para proteger a privacidade e evitar a vigilância por parte de autoridades governamentais e corporações.
Como foi visto em todo o festival, seja no E, S ou G, a tecnologia pode ser protagonista na construção de um mundo melhor, os olhares dos investidores estão voltados para isso. Seu negócio está considerando os efeitos a longo prazo ao planeta, à sociedade e à governança?