A dieta dos bois, o calor na Europa e os desafios de medir impacto

EDIÇÃO #7

O Radar ESG desta semana percorre uma rota que passa por inovação, agronegócio, gestão de portfólio e mudança climática. De DAOs aplicadas a investimentos de impacto até dietas para reduzir as emissões do gado, os destaques mostram que as soluções para os desafios ambientais e sociais podem vir de muitos lados.

Também discutimos a complexidade de medir impacto verdadeiro e o que as ondas de calor na Europa nos lembram sobre vulnerabilidade climática.

Confira os destaques:

Uma reportagem da Forbes mostra como plataformas de investimento de impacto baseadas em blockchain querem transformar a forma como o capital chega até projetos socioambientais. A proposta é usar DAOs (organizações autônomas descentralizadas) para distribuir tokens não apenas entre investidores, mas também entre comunidades locais, ONGs e pequenos empreendedores.

A ideia é aumentar a transparência, agilidade e inclusão nas decisões. Propostas são votadas e executadas por contratos inteligentes, com tudo registrado on-chain. Esse modelo pode ajudar a destravar um mercado que, mesmo com projeção de triplicar até 2030, ainda enfrenta barreiras como valores mínimos altos, decisões lentas e pouca participação de quem está na ponta.

Um ensaio publicado no Portfolio Adviser discute os desafios de mensurar o impacto positivo gerado por investimentos. Para os autores, investir com impacto exige mais do que alocar capital em ativos ESG. Envolve intenção clara de promover mudanças reais, compromisso de longo prazo e métricas robustas.

Em mercados públicos, a tarefa é ainda mais complexa, já que as oportunidades de impacto são limitadas à oferta existente. Por isso, práticas como engajamento com empresas e voto em assembleias se tornam fundamentais. O texto também reforça que definir uma teoria de mudança, adotar KPIs e manter diálogo com beneficiários são caminhos para evitar o greenwashing e gerar valor que vá além do esperado.

Uma reportagem do Le Monde mostra como a onda de calor que atingiu o sul da Europa em agosto de 2025 expôs a vulnerabilidade da região a eventos extremos. Com temperaturas acima dos 40 °C, incêndios florestais e evacuações em regiões da Espanha e Portugal, a situação acendeu alertas sobre a urgência de adaptação climática.

Cientistas ouvidos na matéria explicam que o aquecimento global está tornando os episódios de calor mais intensos, longos e perigosos. A seca recorrente deixa florestas mais inflamáveis, e especialistas defendem políticas mais eficazes de prevenção e infraestrutura preparada para lidar com extremos cada vez mais frequentes.

A Capital Reset traz uma reportagem sobre como ajustes na alimentação do gado podem ajudar a reduzir o impacto climático da pecuária. Hoje, cerca de 17% das emissões brasileiras vêm dos arrotos de bois, e a baixa qualidade do pasto piora ainda mais a fermentação entérica, aumentando o metano.

Entre as soluções está o uso de dietas com maior densidade nutricional, pasto bem cuidado e até o reflorestamento de áreas ociosas. Um exemplo é o da Caaporã, que busca aumentar a lotação por hectare e compensar o custo ambiental com créditos de carbono.

A empresa australiana Rumin também foi citada por investir no uso de algas para reduzir emissões, com apoio de fundos como o de Bill Gates. A proposta é descarbonizar 100 milhões de cabeças até 2030, embora a solução ainda dependa de aprovação regulatória.

A tabela apresenta uma visão consolidada dos índices que refletem diferentes abordagens dentro da agenda ESG, desde desempenho corporativo sustentável até indicadores de baixa emissão de carbono e clima.

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