Créditos de carbono, secas severas e o avanço global da energia limpa
Do Cerrado brasileiro à matriz energética, esta edição mostra os desafios e avanços que estão moldando o futuro climático e os investimentos sustentáveis
Por Comunicação Itaú Asset
EDIÇÃO #3

O noticiário ESG da semana destaca conquistas, alertas e avanços em diferentes frentes da agenda climática. O Brasil ganhou os holofotes com a emissão dos primeiros créditos de carbono por agricultura regenerativa nas Américas.
No cenário internacional, os efeitos das mudanças climáticas continuam exigindo atenção, com secas históricas afetando ecossistemas e populações inteiras. E enquanto a Índia acelera sua transição energética, a precificação global do carbono atinge um marco histórico de arrecadação.
A seguir, os destaques da semana:
Brasil emite os primeiros créditos de carbono por agricultura regenerativa nas Américas
O Brasil acaba de dar um passo importante no mercado voluntário de carbono: o país foi o primeiro das Américas a emitir créditos de carbono baseados em agricultura regenerativa. A informação foi publicada pela Exame, destacando a certificação concedida pela Verra, maior referência mundial no setor, a um projeto liderado pela climate tech NaturAll Carbon, com atuação no Cerrado e na transição para a Amazônia.
A Fazenda Flórida, no Mato Grosso do Sul, foi a propriedade modelo: com 3 mil hectares e histórico de pecuária extensiva, ela comprovou a remoção de carbono de forma mensurável, permanente e replicável. A tecnologia utilizada combina sensoriamento remoto, imagens de satélite e modelagem geoespacial via DayCent, padrão global para simulações de carbono em solos agrícolas.
A estrutura do projeto permite incluir novas propriedades rurais elegíveis a qualquer momento, o que torna o modelo altamente escalável. A expectativa é que esse seja o início de um novo ciclo para o agro brasileiro, com práticas que conciliam produtividade, regeneração do solo e contribuição real para as metas do Acordo de Paris.
Precificação do carbono já movimenta mais de US$ 100 bilhões
De acordo com a ESG News, os mecanismos de precificação arrecadaram mais de US$ 100 bilhões em 2024. Os dados fazem parte do novo relatório do Banco Mundial “Estado e Tendências da Precificação do Carbono 2025”. Grande parte da receita foi destinada ao financiamento de projetos ambientais, infraestrutura verde e políticas públicas ligadas ao clima.
Hoje, 80 instrumentos estão em operação no mundo — incluindo sistemas de comércio de emissões (ETSs), que lideram a expansão nos países de renda média. Cerca de 28% das emissões globais estão cobertas por esses mecanismos, com destaque para os setores de energia e indústria.
Outro dado que chama atenção é o aumento da demanda por créditos regulados. Já o mercado voluntário está em fase de consolidação, com os projetos de remoção baseados na natureza ainda recebendo maior valorização.
Secas extremas acendem alerta global sobre crise climática silenciosa
As secas mais severas dos últimos dois anos estão gerando impactos profundos em diversas regiões do mundo, segundo um relatório apoiado pela ONU e divulgado pela BBC. A escassez de água atingiu o Chifre da África, Europa, América Latina e Sudeste Asiático, agravando a fome, pressionando ecossistemas e gerando crises sociais e econômicas.
A combinação entre mudanças climáticas e o fenômeno El Niño ajudou a intensificar esses eventos. No Brasil, a seca na bacia amazônica comprometeu o abastecimento de água, matou peixes e afetou populações ribeirinhas. No Canal do Panamá, o nível da água caiu a ponto de reduzir drasticamente o tráfego marítimo, afetando o comércio global.
O relatório classifica a seca como um “assassino silencioso” e alerta: o mundo precisa se preparar para um “novo normal”, com políticas de prevenção e resposta mais robustas.
Índia atinge 50% de fontes não fósseis na matriz elétrica e antecipa meta climática
Segundo reportagem publicada pela Eixos, a Índia alcançou um marco significativo: 50% da sua capacidade elétrica instalada já vem de fontes não fósseis. O avanço ocorreu cinco anos antes da meta estabelecida nas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) para o Acordo de Paris.
Do total de 484 GW instalados no país, 234 GW vêm de fontes renováveis (como solar, eólica e biomassa) ou energia nuclear. A conquista foi impulsionada por programas como o PM-KUSUM, que distribuiu bombas solares para agricultores, e o PM Surya Ghar, que facilitou o acesso à geração solar nos telhados residenciais.
A meta indiana agora é chegar a 500 GW de capacidade não fóssil até 2030, rumo à neutralidade de emissões em 2070.
Essa edição do Radar ESG se conecta com os temas de alguns dos nossos fundos voltados para sustentabilidade e transição energética. Conheça cada um deles!
Acompanhe também os índices ESG
Além das principais notícias da semana, você confere no conteúdo completo o acompanhamento dos principais índices globais e brasileiros ligados a investimentos ESG, títulos verdes e transição energética.
A tabela apresenta uma visão consolidada de índices organizados por temas como sustentabilidade corporativa, energia limpa, baixo carbono e mudanças climáticas. Eles refletem diferentes abordagens dentro da agenda de investimento responsável, acompanhando desde empresas com práticas sustentáveis até setores diretamente ligados à mitigação dos impactos climáticos.

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