Ata do Copom sinaliza que ciclo de alta de juros pode ter chegado ao fim

No Radar do Mercado: documento divulgado hoje também reforçou a necessidade de juros elevados por mais tempo diante de expectativas desancoradas. Nos EUA, inflação ao consumidor vem abaixo do esperado, sem principal impacto das tarifas

Por Itaú Private Bank

6 minutos de leitura

O Banco Central divulgou nesta terça-feira, 13, a ata da terceira reunião do ano do Comitê de Política Monetária (Copom) realizada na semana passada, quando decidiu elevar a taxa Selic em 0,50 ponto percentual, para 14,75% ao ano.

O Comitê parece operar sob uma forte convicção de que a política monetária está em um nível significativamente contracionista, o que é visível em sua avaliação geral da conjuntura. Membros do Copom estão confiantes de que a economia já está desacelerando e já observam sinais de alívio no mercado de trabalho. Além disso, o efeito do impacto potencial do novo crédito consignado nas projeções da autoridade foi minimizado.

Por outro lado, os membros reforçaram a necessidade de manter a política monetária em território significativamente contracionista por um período prolongado e destacaram que a inflação cheia, assim como os núcleos, segue pressionada, com serviços ainda em patamar elevado e bens industriais refletindo os efeitos da depreciação cambial recente. O documento ressalta, inclusive, a persistência da inflação de alimentos e seu potencial de propagação.

Em relação ao balanço de riscos para inflação, a principal mudança na comunicação da semana passada, a ata indica que houve um debate sobre a manutenção de uma leve assimetria altista no comunicado divulgado após a decisão ou se o texto deveria indicar que o balanço estava neutro, tendo prevalecido esta segunda proposta.

Já em relação aos próximos passos, a ata, assim como o comunicado, deixa a decisão em aberto, indicando apenas que o Comitê continuará avaliando atentamente a evolução da inflação, em especial os componentes mais sensíveis à política monetária, além das projeções, do hiato do produto e do balanço de riscos.

Nossa visão: a ata indica que o Comitê pausou seu ciclo de alta, mas traz trechos com tons mais duros quando sinaliza, por exemplo, que houve discussão sobre o balanço de riscos entre os membros. Ainda assim, a reversão parcial de riscos baixistas – como a perspectiva de um crescimento global e preços de commodities em real mais altos na margem – com a evolução das negociações comerciais dos EUA podem sugerir que a barra não está tão alta quanto se pensava anteriormente. De qualquer forma, a comunicação do Copom sugere que, caso um ajuste residual ocorra, será de magnitude menor, de 0,25 ponto percentual.

CPI dos EUA desacelera em abril

O Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos EUA registrou alta de 0,2% em abril, acelerando em relação a março (0,1%) e abaixo das expectativas do mercado (0,3%) e das nossas (0,21%). Com isso, a inflação acumulada em 12 meses desacelerou de 2,4% em março para 2,3% em abril.

Já o núcleo do indicador, que desconsidera itens mais voláteis, como alimentos e energia, acelerou de 0,06% em março para 0,24% em abril, ligeiramente abaixo das nossas estimativas, de 0,25%. No acumulado em 12 meses, o núcleo seguiu com uma alta de 2,8% até abril.

Nossa visão: o resultado do CPI de abril veio abaixo do esperado e com uma dinâmica benigna. Apesar de uma leve aceleração na comparação mensal, influenciada por componentes mais voláteis, o dado não apresenta sinais claros de impactos das tarifas recentes. Dessa forma, o Fed deve manter a postura cautelosa, devido à expectativa de pressões inflacionárias adiante.

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