EUA e China acertam trégua de 90 dias sobre tarifas recíprocas
No Radar do Mercado: acordo reduz tarifas recíprocas de ambos os lados para 10% e deve impactar tanto a atividade quanto a inflação. No Brasil, Banco Central divulga novo Relatório Focus, com revisões das expectativas para câmbio e inflação
Por Itaú Private Bank
Após semanas de escalada na guerra comercial entre EUA e China, os dois países anunciaram na madrugada desta segunda-feira, 12, um acordo de trégua de 90 dias que prevê uma redução substancial nas tarifas de importação. As alíquotas aplicadas sobre os produtos americanos que entram na China recuam de 125% para 10%, enquanto os EUA reduzem as tarifas recíprocas de 125% para 10% nas importações chinesas, mas mantém uma tarifa adicional de 20% em função do fentanil, totalizando 30%, em comparação os 145% anunciados em abril.
A decisão marca um ponto de inflexão relevante na política comercial da administração de Trump. A estimativa é que a tarifa média efetiva caia de cerca de 27% para próximo de 13%. Dessa forma, o impacto inflacionário estimado das tarifas diminui de maneira significativa, de 2% a 3% para 1% a 1,5%. Com menor inflação, o efeito sobre o consumo pode ser reduzido, levando a impactos menores para crescimento – mas ainda negativos. Para política monetária, os dados correntes ainda seguem resilientes, e o anúncio das medidas pode oferecer um alívio ao Federal Reserve quanto a uma eventual urgência para cortes de juros.
A iniciativa é interpretada como uma manobra da Casa Branca para evitar um choque mais severo nos preços e no crescimento, apesar de o prazo estabelecido manter o risco de retomada das hostilidades ao fim do período, e a incerteza que persistirá até uma eventual resolução definitiva.
Além disso, ambos os países concordaram em iniciar uma agenda de negociações regulares, com encontros previstos para acontecerem em alternância entre os países ou em território neutro. A sinalização oficial nos EUA, ainda que moderada, foi de avanços substanciais. A retórica chinesa, por sua vez, buscou enfatizar que a redução de tarifas atende a interesses dos EUA, não sendo uma concessão unilateral de Pequim.
Focus: mercado revisa projeções para inflação e câmbio

O Banco Central divulgou nesta segunda feira, 12, mais uma edição do Relatório Focus, com uma revisão baixista para a inflação de 2025 e 2026 e alterações também nas taxas de câmbio.
A mediana das projeções do mercado para o IPCA de 2025 foi de 5,53% para 5,51%, enquanto para 2026 a oscilação foi de 4,51% para 4,50%. Em ambos os casos, a estimativa segue acima do teto do intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual ao redor da meta de 3,00% ao ano definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para 2027, a mediana das projeções foi mantida em 4,0%. Já as expectativas para a inflação de 12 meses à frente (um indicador importante para o Copom) foram reduzidas de 4,97% para 4,95%.
Em relação ao câmbio, as estimativas para 2025, 2026 e 2027 também diminuíram. Para 2025, a mediana passou de R$/US$ 5,86 para R$/US$5,85, enquanto as projeções para 2026 foram de R$/US$5,91 para R$/US$5,90 e as de 2027, de R$/US$ 5,85 para R$/US$ 5,80.
O relatório trouxe ainda manutenção das previsões para o PIB em todos os períodos: 2,00% em 2025, 1,70% em 2026 e 2,00% em 2027, bem como para a Selic, com estimativa de taxa ao final de 2025 em 14,75%, 12,50% a.a. em 2026 e 10,50% a.a. em 2027.
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