BCE corta juros; varejo brasileiro surpreende em outubro
No Radar do Mercado: autoridade monetária do Zona do Euro reduz novamente taxas de juros e revisa projeções de crescimento da região. Enquanto isso, no Brasil, dados do varejo de outubro surpreendem e indicam atividade resiliente no quarto trimestre
Por Itaú Private Bank
BCE reduz taxa de juros em 0,25 ponto percentual
O Banco Central Europeu (BCE) reduziu as principais taxas de juros da Zona do Euro em 0,25 ponto percentual nesta quinta-feira (12), em linha com o esperado pelo mercado. Com isso, a taxa de depósito passou a ser de 3,0%, a de refinanciamento passou a ser de 3,15% e a de empréstimos, 3,40%.
A autoridade monetária afirmou que, apesar de ter desacelerado ligeiramente desde a última reunião, a inflação permanece elevada, mas sobretudo porque salários e preços em certos setores ainda estão se ajustando à inflação passada. Diante disso, a decisão de reduzir os juros foi tomada a partir da avaliação de que o processo desinflacionário está bem encaminhado. As projeções do BCE para a inflação “cheia” foram revisadas ligeiramente para baixo para 2025, em 2,1%, enquanto se manteve estável para 2026, em 1,9%.
O comitê também disse esperar uma recuperação econômica mais lenta do que nas projeções anteriores. Embora o crescimento tenha vindo em linha com a expectativa no terceiro trimestre do ano, os membros avaliaram que os indicadores sugerem que a atividade deve desacelerar no quarto trimestre. As projeções do BCE são de que a economia da Zona do Euro crescerá 0,7% em 2024, 1,1% em 2025 e 1,4% em 2026, todas revisadas para baixo em relação à rodada anterior de projeções, há três meses.
Quanto aos próximos passos, o Banco Central Europeu não se comprometeu com um ritmo de cortes à frente, afirmando que as próximas decisões seguirão dependentes da evolução dos dados. No entanto, retirou do comunicado o trecho que mencionava que os juros continuariam suficientemente restritivos o tempo que fosse preciso para retornar a inflação à meta, em mais uma indicação de continuidade do ciclo de cortes de juros adiante.
No Brasil, vendas no varejo surpreendem em outubro
As vendas no varejo ampliado avançaram 0,9% em outubro na comparação mensal com ajuste sazonal, segundo dados da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) divulgada hoje pelo IBGE, bem acima da nossa projeção e da mediana das expectativas do mercado, ambas de 0,1%. Com isso, em relação a outubro de 2023, o varejo ampliado cresceu 8,8%.
Já as vendas no varejo restrito, que desconsidera veículos, motos, partes e peças, além de material de construção, subiram 0,4% na comparação com o resultado de setembro, também acima da nossa projeção (-0,1%) e da projeção do mercado (-0,2%). Em relação ao mesmo mês do ano passado, o varejo restrito apresentou alta de 6,5%.
Dos dez setores analisados em outubro, oito avançaram e apenas dois contraíram. O destaque positivo no mês foi o setor de “veículos e autopeças”, com crescimento de 8,1%, enquanto o destaque negativo foi “outros artigos de uso pessoal e doméstico”, com queda de 1,5%.
Nossa visão: apesar de representar uma desaceleração em relação a setembro, quando as vendas cresceram 1,9% no varejo ampliado e 0,6% no restrito (ambos após revisão), os dados divulgados hoje vieram acima do esperado e corroboram nossa expectativa de atividade resiliente no último trimestre do ano.
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