Cockpit do Copom: diminuindo o ritmo de aperto

No Radar do Mercado: com cenário externo incerto e expectativas de inflação desancoradas, Copom se reúne para mais uma decisão. Tendência é de cautela e continuidade de ciclo contracionista, ainda que em ritmo menor

Por Itaú Private Bank

5 minutos de leitura

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reúne nesta terça, 6, e quarta-feira, 7, pela terceira vez no ano e a expectativa é de uma nova alta por unanimidade de 0,5 ponto percentual na taxa Selic, para 14,75% ao ano, seguindo a sinalização de elevação adicional e de menor magnitude da última reunião.

A reunião acontecerá em meio ao contexto de desaceleração gradual da atividade doméstica e maior incerteza externa, com potencial impacto desinflacionário sobre o Brasil. Por outro lado, as expectativas de inflação desancoradas, o hiato do produto positivo e as projeções do próprio Banco Central indicam, neste momento, a necessidade de seguir com o ciclo contracionista.

O balanço de riscos deve permanecer assimétrico para cima apesar da evolução do cenário externo. Os choques no comércio internacional e as condições financeiras mais apertadas entre economias desenvolvidas se refletem em uma melhora no ambiente global para economias emergentes, com menor pressão inflacionária. Ainda assim, o grau de desancoragem das expectativas e o desvio atual da inflação em relação à meta exigem cautela. Diante disso, a autoridade monetária tende a adotar uma postura conservadora na incorporação desses fatores mais benignos, tanto em suas projeções quanto na avaliação de riscos.

Já em relação à sinalização dos próximos passos, avaliamos que a autoridade monetária buscará flexibilidade para reagir à evolução do cenário, reconhecendo que um ambiente de maior incerteza global exige maior cautela na condução da política monetária doméstica, em linha com a comunicação adotada por membros do comitê em declarações recentes. Ao mesmo tempo, acreditamos que o Comitê seguirá indicando vigilância e avaliando se o nível de restrição da política monetária é suficiente para garantir a convergência da inflação para a meta.

Entendemos que, a depender da natureza do choque global e da conjuntura econômica doméstica corrente, a autoridade monetária pode ter diferentes reações. Quando as expectativas estão ancoradas e o mandato é duplo, choques desinflacionários podem justificar uma flexibilização. Contudo, diante de expectativas desancoradas e foco primário no controle da inflação, o mais prudente seria aproveitar o impulso externo favorável para acelerar a convergência da inflação à meta, evitando qualquer sinal de afrouxamento prematuro.

Confira o relatório na íntegra.

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