Copom: diante das incertezas, mudança nos próximos passos

No Radar do Mercado: o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu a taxa Selic em 50 pontos-base e mudou a sinalização dos próximos passos

Por Itaú Private Bank

4 minutos de leitura

Na segunda reunião de 2024, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu novamente a taxa Selic em 50 pontos-base para 10,75% ao ano, em decisão unânime e em linha com o esperado pelo mercado.

No cenário internacional, o comitê destacou os debates sobre o início de cortes de juros e a velocidade com que a queda da inflação ocorrerá em diversos países. Já no cenário local, reforçou que as medidas de inflação subjacente estão acima da meta nas divulgações recentes.

A avaliação do comitê é que o cenário-base não mudou substancialmente. Contudo, diante da elevada incerteza e da necessidade de maior flexibilidade na condução da política monetária, os membros do comitê optaram de forma unânime por sinalizar apenas mais uma redução de mesma magnitude nos juros na próxima reunião, diferentemente da orientação dada anteriormente que se estendia por duas reuniões.

Por ora, projetamos a taxa Selic em 9,25% a.a. ao final de 2024. Saberemos mais detalhes sobre a decisão de hoje na ata da reunião, que será divulgada na terça-feira, 26 de março.

Nossa visão para os mercados

A decisão do Copom já estava refletida nos preços de fechamento de hoje, uma vez que a parte curta da curva de juros já antevia reduções de 50 pontos-base apenas nas próximas duas reuniões (contando com a de hoje), seguidas de cortes de menor intensidade a partir de então. Ao corroborar esta trajetória, o impacto sobre as taxas curtas na abertura dos mercados amanhã deverá ser reduzido, com ligeiro viés de alta.

Em termos do comportamento da curva como um todo, a opção por um plano de voo mais cauteloso por parte do Banco Central tende a causar uma redução da sua inclinação, beneficiando vértices mais longos em detrimento dos mais curtos. É o que no jargão de mercado chamamos de “flattening” ou desinclinação da curva.

É importante mencionar que amanhã os mercados sentirão também os efeitos da decisão de juros anunciada hoje pelos EUA, que tem sido o principal foco de incerteza para o comportamento dos ativos de risco recentemente.

Do ponto de vista de estratégia, na renda fixa reiteramos nossa recomendação acima do neutro para a classe Juro Real em títulos com prazo acima de cinco anos, que oferecem taxas ainda em patamar atrativo, com o diferencial da preservação do poder de compra. Entendemos que esta classe apresenta uma melhor relação entre retorno e risco em comparação à classe prefixada, dado o atual ambiente ainda cercado por incertezas.

Continuamos a ver espaço para a valorização do Real no médio prazo. Embora a continuidade do ciclo de cortes de juros por aqui implique uma diminuição do diferencial versus a taxa de juros americana (principal parâmetro para ativos de risco globais), o patamar ainda elevado da Selic, combinado com a robustez de nossas contas externas, deve continuar a jogar a favor de uma eventual valorização da nossa moeda. Entretanto, enquanto persistir o quadro de resiliência do Dólar, o mais provável deverá ser o Real seguir oscilando ao redor do patamar atual.

Assim como em episódios anteriores, a redução da taxa de juros deve contribuir para aumentar a demanda por ações entre investidores domésticos, já que eleva a atratividade da bolsa frente a títulos de renda fixa, além de reduzir o custo de capital das empresas. Apesar das incertezas no cenário global destacadas pelo Copom em seu comunicado, acreditamos que a bolsa brasileira se encontra em patamar subvalorizado, que tende a ser corrigido à medida que a Selic continuar a ser reduzida nos próximos meses. Reforçamos nossa visão positiva para a classe, refletida em nossa posição um nível acima do neutro (+1) em nossas carteiras recomendadas.

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