Copom reduz a Selic em 50 pontos-base, para 13,25%
No Radar do Mercado: em decisão dividida, o Comitê de Política Monetária do Banco Central reduziu a Selic em 50 pontos-base, levando a taxa básica de juros a 13,25% ao ano
Por Itaú Estratégia de Investimentos

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu a taxa Selic em 50 pontos-base para 13,25% ao ano.
O comunicado destacou que o ambiente externo continua incerto, com núcleos de inflação ainda elevados e resiliência nos mercados de trabalho em diversos países. No cenário doméstico, a inflação subjacente recuou, mas ainda está acima da meta.
A decisão não foi unânime, com cinco votos por um corte de 50 pontos-base e quatro a favor de 25 pontos-base. Apesar da redução da taxa para 13,50% ter sido considerada, o comunicado reforçou que as autoridades sentiram confiança para adotar um ritmo de queda maior, diante da melhora no quadro inflacionário, aliada à queda das expectativas de inflação para prazos mais longos.
A autoridade monetária também sinalizou que manterá o ritmo de 50 pontos-base nas próximas reuniões, considerado como apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário. Além disso, o Comitê ressaltou que a magnitude total do ciclo de corte de juros dependerá da evolução dos dados e do balanço de riscos.
Por ora, alteramos nossa projeção de Selic de final de ano para 11,75% a.a., e aguardaremos a divulgação da ata dessa reunião na próxima terça-feira para considerarmos mudanças adicionais no cenário.
Mercados
O mercado futuro de taxas de juros fechou hoje precificando um corte da Selic exatamente no ponto médio entre 0,25% e 0,50%, refletindo o grau de indefinição acerca da decisão do Copom. O entendimento é que havia bons argumentos para ambas as opções e, neste sentido, a escolha pelo corte de 0,50% não pode ser caracterizada como uma surpresa.
Na abertura dos negócios amanhã, espera-se uma queda de taxas mais intensa nos vencimentos mais curtos, ajustando-se ao corte mais intenso anunciado. A taxa prefixada de três anos deverá entrar na casa dos 9%, menor patamar em quase dois anos. Já os vencimentos mais longos deverão ter um comportamento mais moderado, de modo que o formato da curva deverá aumentar seu grau de inclinação, processo que no jargão do mercado é conhecido como “steepening da curva”. Algo semelhante será observado nos ativos de juro real (IPCA+), com os papéis curtos e intermediários apresentando uma maior redução de taxas em comparação aos títulos longos.
Uma provável consequência da decisão será a ocorrência de mais revisões baixistas para a Selic esperada para o final deste ano pelos agentes de mercado nas próximas semanas. Este processo tende a beneficiar alocações em renda fixa, em especial nas classes prefixada e juro real, enquanto papéis pós-fixados tendem a perder atratividade com mais rapidez do que se esperava.
Neste sentido, seguimos confiantes em nossa recomendação acima do neutro para a classe de juro real, que ainda oferece taxas em patamar atrativo e por prazos mais longos, permitindo-se preservar por mais tempo este nível de rentabilidade. Já a classe prefixada continua sendo um elemento complementar importante para nossas carteiras recomendadas, porém, com participação mais modesta quando comparada à parcela de títulos em juro real. A proteção inflacionária oferecida por estes últimos é, em nossa opinião, um diferencial valioso neste contexto de incertezas relevantes ainda visíveis no horizonte.
Ressaltamos também que a decisão de hoje não altera nossa visão para o Real, que continua com perspectiva de valorização adicional pelos próximos meses, supondo-se a continuidade do quadro externo benigno vigente (ainda que sujeito a algumas ondas de volatilidade como a destes últimos dias). Apesar do diferencial de juro entre o Brasil e países desenvolvidos tender a reduzir-se mais rapidamente, a renda fixa brasileira continuará por muito tempo ainda a oferecer taxas acima de seus pares emergentes, o que ainda deve sustentar a atratividade de nossa moeda.
A decisão do Copom é um fator positivo para a bolsa. Conforme temos observado em ciclos anteriores de cortes na taxa de juros, a redução do custo de capital das empresas, aliada ao fluxo de entrada de investidores em um ambiente da taxa Selic em queda, ajuda a valorizar as ações no curto a médio prazo.
A sinalização de um ciclo de política monetária mais estimulativa deve beneficiar a bolsa como um todo, especialmente aqueles setores mais sensíveis à taxa de juros, como consumo discricionário e bens industriais. Em suma, olhando para frente, o início do ciclo de cortes da Selic deve dar início a um período favorável para bolsa.
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