Inflação desacelera nos EUA e acelera no Brasil. Tarifas já anunciadas entram em vigor

No Radar do Mercado: CPI de fevereiro desacelerou um pouco além das expectativas nos EUA, enquanto IPCA avançou em linha com as projeções do mercado no Brasil. Em paralelo, tarifas anunciadas por Trump sobre aço e alumínio entraram em vigor

Por Itaú Private Bank

6 minutos de leitura

CPI dos EUA desacelera em fevereiro

O Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos EUA registrou alta de 0,22% em fevereiro, desacelerando em relação a janeiro (0,47%) e também abaixo das expectativas do mercado (0,3%). Com isso, a inflação acumulada em 12 meses desacelerou de 3,0% em janeiro para 2,8% em fevereiro.

O núcleo do indicador, que desconsidera itens mais voláteis, como alimentos e energia, também desacelerou em fevereiro (0,23%). Em janeiro, a alta tinha sido de 0,45% e a expectativa do mercado era de uma desaceleração um pouco menor, para 0,3%. Na comparação anual, o núcleo também cedeu 0,2 p.p., de 3,3% para 3,1%.

A principal surpresa da pesquisa ficou por conta do componente de serviços, que desacelerou um pouco além do esperado, influenciado pela queda no preço das passagens aéreas, o que puxou o segmento de transportes para baixo. Já a parte de bens veio conforme a expectativa.

Nossa visão: a desaceleração da inflação nos EUA em fevereiro é uma notícia bem-vinda às vésperas da reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), que vem adotando uma postura cautelosa com a inflação, enquanto o mercado tem se mostrado mais preocupado com os riscos para a desaceleração da atividade.

IPCA é o maior para fevereiro desde 2003

O IBGE divulgou hoje o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de fevereiro, que registrou alta 1,31%, em linha com a mediana das expectativas do mercado (1,31%) e levemente abaixo da nossa projeção (1,36%). O resultado, o maior para um mês de fevereiro desde 2003, representa uma aceleração em relação ao de janeiro (0,16%).

Em 12 meses, a taxa acumulada também acelerou, de 4,56% em janeiro para 5,06% em fevereiro, voltando a se distanciar do limite superior do intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual ao redor da meta de inflação de 3,0% ao ano definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

Os principais responsáveis pela alta do índice foram o grupo de Educação (alta de 4,70% no mês e contribuição de 0,28 p.p.), puxado pelos reajustes habitualmente praticados no início do ano letivo, e pelo grupo Habitação (4,44% e 0,65 p.p.), puxado pela energia elétrica residencial, que avançou bastante no mês (16,80%) após a queda observada em janeiro (-14,21%), quando houve a incorporação do Bônus de Itaipu. Junto a Alimentação e bebidas (0,70%) e Transportes (0,61%), os quatro grupos responderam por 92% do IPCA de fevereiro.

Nossa visão: o dado de hoje mostrou uma surpresa baixista concentrada em industriais (automóvel novo), enquanto serviços subjacentes seguiram pressionados, refletindo a resiliência da atividade econômica.

Tarifas dos EUA sobre aço e alumínio entram em vigor

Um mês após assinatura de decreto pelo presidente Donald Trump, a cobrança de tarifas de 25% sobre todas as importações dos EUA de aço e alumínio entrou em vigor hoje. A medida atinge o setor siderúrgico de grandes parceiros comerciais dos EUA, como o Canadá e México, além de países europeus e até o Brasil, que ocupa o posto de segundo maior fornecedor de aço do país.

Em retaliação, a União Europeia anunciou a imposição de tarifas sobre 26 bilhões de euros em produtos americanos que entram na região, incluindo aço e alumínio, mas também produtos como uísque, motocicletas e até soja. A medida surpreendeu especialistas pela disposição dos europeus de retaliar os EUA na mesma medida, mas só será implementada em abril.

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