PIB brasileiro do quarto trimestre e payroll de fevereiro vêm abaixo do esperado

No Radar do Mercado: IBGE divulgou que o PIB do quarto trimestre de 2024 cresceu 0,2% na passagem trimestral, menos do que os 0,4% projetados pelo mercado. Nos EUA, dados do payroll indicaram criação de vagas menor do que a esperada, mas mercado de trabalho segue resiliente

Por Itaú Private Bank

4 minutos de leitura

PIB cresce menos do que o esperado no 4T24 e avança 3,4% em 2024

O PIB brasileiro cresceu 0,2% no quarto trimestre de 2024 frente ao terceiro trimestre do mesmo ano, segundo dados divulgados hoje pelo IBGE. O resultado veio abaixo da nossa estimativa e da mediana das expectativas do mercado, ambas de 0,4%. No comparativo com o mesmo trimestre de 2023, o PIB cresceu 3,6%, também um pouco abaixo das projeções de 4,0%. Com esse resultado, o PIB fechou o ano de 2024 com crescimento de 3,4%.

Olhando para a composição do PIB, do lado da oferta, a agropecuária recuou 2,3% frente ao terceiro trimestre, enquanto os setores industriais e de serviços expandiram 0,3% e 0,1%, respectivamente.

Do lado da demanda, o destaque negativo foi a queda maior do que a esperada do consumo das famílias (-1,0%), enquanto a formação bruta de capital fixo (FBCF) foi o destaque positivo, com crescimento de 0,4% na passagem trimestral. Por fim, o setor externo também contribuiu negativamente para o resultado: as exportações caíram 1,3% e as importações recuaram 0,1% no período.

Nossa visão: apesar da surpresa negativa do consumo no quarto trimestre de 2024, os dados preliminares apontam para alguma recuperação nos primeiros meses deste ano. Assim, mantemos nossa projeção de 2,2% de crescimento para o PIB de 2025. A desaceleração da atividade deve se intensificar no segundo semestre do ano, com menor impulso fiscal esperado e a intensificação dos efeitos defasados da política monetária contracionista.

Payroll indica criação de vagas abaixo da expectativa

O Payroll, relatório de folha de pagamentos do Departamento do Trabalho dos EUA, indicou a criação de 151 mil vagas em fevereiro, abaixo da projeção de mercado (160 mil), mas acima das 125 mil vagas geradas em janeiro, uma revisão das 143 mil divulgadas anteriormente.

A taxa de desemprego subiu dos 4,0% registrados em janeiro para 4,1% em fevereiro, acima das expectativas do mercado, que eram de manutenção. Já a taxa de participação recuou 0,2 ponto percentual, para 62,4%.

Na parte dos rendimentos, os ganhos salariais por hora trabalhada subiram 0,3% em fevereiro, desacelerando em relação à leitura anterior, de 0,5%. Em 12 meses, porém, os ganhos aceleraram de 3,9% em janeiro para 4,0% em fevereiro.

Nossa visão: embora a leitura de hoje tenha vindo ligeiramente mais fraca do que o antecipado, os dados do Payroll continuam sinalizando que a geração de emprego segue robusta e os rendimentos seguem em alta nos EUA, indicando desaceleração bastante gradual do mercado de trabalho. Um mercado de trabalho sólido, juntamente com um cenário de inflação ainda pressionada, reforça a postura cautelosa que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) tem adotado em relação a novos cortes de juros.

💬 O que achou deste conteúdo?

Leia também

Confira outras edições do No Radar do Mercado:

Europa corta juros, Trump implementa tarifas e Pesquisa Focus fica estável

No Radar do Mercado: BCE mantém corte projetado, mas ressalta incertezas no horizonte [...]

Núcleo da inflação dos EUA acelera em janeiro, mas acumulado em 12 meses perde ritmo

No Radar do Mercado: núcleo do PCE veio em linha com esperado, resultado que mantém a [...]

Taxa de desemprego de janeiro indica mercado de trabalho resiliente

No Radar do Mercado: taxa de desemprego se mantém estável na série com ajuste sazonal [...]