Fed mantém juros estáveis e segue projetando dois cortes em 2025

No Radar do Mercado: banco central americano mantém taxa de juros no intervalo de 4,25% a 4,50%, retira menção a balanço de riscos equilibrado e atualiza projeções macroeconômicas

Por Itaú Private Bank

5 minutos de leitura

O Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) decidiu manter a taxa de juros americana no intervalo de 4,25% a 4,50% em reunião finalizada nesta quarta-feira, 19. A decisão pela manutenção dos juros foi unânime e veio em linha com as expectativas do mercado.

Em documento divulgado após a reunião, o Comitê reiterou que segue atento aos riscos dos dois lados do seu mandato de máximo emprego e inflação na casa dos 2,0% ao ano, mas retirou o trecho que afirmava acreditar que esses riscos estavam praticamente equilibrados, em meio a maiores incertezas sobre o cenário econômico.

O texto também afirma que a atividade econômica continua expandindo em um ritmo sólido, assim como as condições do mercado de trabalho e que a taxa de desemprego se estabilizou em um nível baixo nos últimos meses. Mas o comunicado mantém a afirmação de que a inflação permanece um pouco elevada.

O comunicado também revelou que o Fed irá desacelerar a redução contínua de seu balanço. Nesse ponto, no entanto, houve dissidência de um dos membros votantes, que defendeu a manutenção da redução do balanço patrimonial no ritmo atual.

O Comitê não se comprometeu com os próximos passos da política monetária, apenas reafirmou seu compromisso de reduzir a inflação e se disse preparado para ajustar a política monetária como for apropriado, levando em consideração dados do mercado de trabalho, as expectativas de inflação e as condições econômicas globais para as próximas decisões.

Projeções do comitê: manutenção de dois cortes em 2025

A reunião também trouxe atualizações das projeções do Comitê para as principais variáveis econômicas dos EUA. Com relação a inflação, o Comitê atualizou as projeções para 2025 (2,7%) e 2026 (2,2%) e manteve a de 2027 em 2,0%. Já em relação ao núcleo, a projeção de 2025 subiu para 2,8%, enquanto as de 2026 e 2027 continuaram estáveis em 2,2% e 2,0% respectivamente.

O Comitê também reduziu as projeções para o PIB deste e dos próximos anos. Para 2025, a projeção atingiu 1,7%. Para 2026, 1,8%. Já para 2027, 1,8%. Enquanto isso, em relação à taxa de desemprego, a previsão para este ano subiu de 4,3% para 4,4%, mas as expectativas para 2026 e 2027 se mantiveram em 4,3%.

Já em relação aos juros, a autoridade manteve inalterada a expectativa para 2025 (3,9%), 2026 (3,4%) e 2027 (3,1%), sugerindo que a revisão para baixo da atividade poderia trazer a inflação de volta à trajetória anteriormente projetada pelo Comitê. No gráfico divulgado pela autoridade monetária, no entanto, foi possível identificar que, apesar das medianas terem se mantido, o viés do Comitê foi de aumento frente à reunião de dezembro.

Powell: o custo de esperarmos para tomar outra decisão é baixo

Na coletiva de imprensa realizada após a reunião, Jerome Powell, presidente do Fed, justificou a decisão tomada pelo Comitê afirmando que os sinais de fraqueza da economia vão ser monitorados com atenção e que o cenário apresenta incertezas elevadas, mas que a inflação segue ao redor de 2,5% e o mercado de trabalho continua sólido. Segundo Powell, nesse momento, o custo de esperar para tomar uma outra decisão é baixo.

Powell também afirmou que os riscos de uma recessão aumentaram, mas permanecem baixos e confirmou que as projeções para a inflação aumentaram recentemente em boa parte por conta da decisão do novo governo de Donald Trump de impor tarifas sobre produtos importados pelos EUA, mas disse que ainda é cedo para ver impactos significativos das tarifas na economia.

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