Cockpit do Copom: o que esperar da segunda reunião do ano?

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reúne nesta terça, 18, e quarta-feira, 19, pela segunda vez no ano e a expectativa é de uma nova elevação por unanimidade de 1,0 ponto percentual na taxa Selic, para 14,25% ao ano, entregando as duas altas dessa magnitude sinalizadas no final do ano passado.

A reunião acontecerá em meio à discussão sobre potenciais pontos de inflexão que podem ter implicações relevantes para a dinâmica de preços e o balanço de riscos em torno da inflação. Esses pontos dizem respeito justamente aos fatores que o Comitê afirmou que monitoraria à frente: atividade econômica, câmbio e expectativas de inflação.

Na nossa leitura, o ritmo de deterioração das expectativas de inflação dá sinais marginais e erráticos de desaceleração, e a apreciação da moeda desde a virada do ano reduz riscos altistas à frente. Contudo, dada a grande distância da inflação e das expectativas em relação à meta e os sinais ambíguos da atividade econômica, deixar, na comunicação do Copom, a porta aberta para o final do ciclo de ajuste implicaria correr demasiado risco inflacionário.

Dado o conjunto de informações disponível hoje, tal mudança de postura provavelmente seria percebida como motivada pela preocupação em defender a atividade econômica, em detrimento do controle inflacionário, o que é inconsistente com o mandato determinado pelo regime de metas para a inflação.

Diante disso, esperamos que o Copom continue a descrever um balanço de riscos assimétrico para cima para a inflação (com alguma probabilidade, no entanto, de que ajustem a descrição dos riscos externos) e que sinalizem, pelo menos, um novo ajuste, ainda que de menor magnitude, na reunião de maio. Atualmente, nossa expectativa é de que o atual ciclo de alta de juros será encerrado ao final do 1º semestre, com a taxa Selic em 15,25%.

Além disso, comparativamente ao que foi apresentado na reunião de janeiro, acreditamos que as projeções de inflação no cenário de referência do Comitê (que inclui taxa de câmbio seguindo a paridade do poder de compra e taxa de juros de acordo com o Relatório Focus) devem recuar de 5,2% para 5,0% para 2025 e de 4,0% para 3,9% no horizonte relevante, atualmente no terceiro trimestre de 2026.

Confira a análise sobre a expectativa do segundo Copom do ano na íntegra.

O governo federal deve apresentar hoje, 18, o projeto de lei que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil por mês. A cerimônia estava marcada para as 11h30 no Palácio do Planalto, em Brasília.

Até o momento da redação deste Radar, os detalhes da proposta não são conhecidos, mas segundo estimativas oficiais, cerca de 10 milhões de contribuintes ficarão isentos e o impacto na arrecadação é de cerca de R$ 27 bilhões em 2026, caso o projeto seja aprovado ainda neste ano.

Para compensar essa perda, a equipe econômica pretende introduzir um imposto mínimo para a alta renda. A principal dúvida do mercado é se as medidas compensatórias serão suficientes para fazer o projeto ser neutro fiscalmente ou se prejudicarão a situação das contas públicas.

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