Revisamos nossos cenários macroeconômicos local e global
No Radar do Mercado: atualizamos nossas projeções dos principais indicadores macroeconômicos em âmbito local e global. Já o Banco Central divulgou novo Boletim Focus com atualizações nas projeções do mercado para inflação, PIB e câmbio
Por Itaú Private Bank
Revisão de Cenário - Brasil
Diante do alívio no cenário internacional e da expectativa de enfraquecimento do dólar globalmente, revisamos nossa projeção da taxa de câmbio de R$/US$ 5,90 para R$/US$ 5,75 tanto em 2025 quanto em 2026.
O desafio fiscal, no entanto, segue significativo. Com expectativa de déficit primário de 0,7% do PIB em 2025 e 2026, avaliamos que seria necessária uma contenção de despesas discricionárias da ordem de R$ 35 bilhões e a inclusão de despesas extraorçamentárias nos limites da regra fiscal para amenizar, ao menos em parte, os riscos da perda de credibilidade do arcabouço como âncora fiscal.
Para o PIB, mantivemos nossa estimativa de crescimento de 2,2% em 2025 e 1,5% em 2026. Apesar do resultado fraco do final de 2024, os dados indicam que a economia teve um desempenho melhor do que o esperado em janeiro e fevereiro, em linha com nossa expectativa de desaceleração gradual ao longo do ano, que se refletirá também na taxa de desemprego, atualmente projetada para 6,8% em 2025 e 7,3% em 2026.
Na frente da inflação, pela primeira vez desde setembro de 2024, não vemos um risco assimétrico altista. Ao contrário, com o câmbio mais apreciado impactando em industriais, alimentos e gasolina, os riscos de baixa superam os riscos de alta. Por esse motivo, revisamos nossa projeção de inflação de 5,8% para 5,7% em 2025 e passamos a projetar que o Banco Central encerrará o atual ciclo de alta de juros em 15,25%, antes dos 15,75% projetados anteriormente, ao final do 1º semestre deste ano.
Revisão de Cenário - Global
A redução na perspectiva de excepcionalismo do crescimento econômico dos EUA dá um alívio temporário às taxas de câmbio, mas acreditamos que esse movimento não deve continuar, com a economia americana sustentada e risco inflacionário de aumento de tarifas. A desaceleração registrada nos dados de janeiro, a maior incerteza no horizonte e a inflação mais forte, no entanto, não devem permitir que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) volte a cortar juros.
Enquanto isso, na Europa, o pacote fiscal da Alemanha representa uma mudança positiva significativa para o cenário da região, o que nos levou a revisar a projeção do PIB da Zona do Euro de 1,0% para 1,5% e do euro (em relação ao dólar) de 1,00 para 1,08. Já com relação à China, revisamos nossa projeção de PIB de 4,0% para 4,5%, mas enxergamos incertezas no lado externo que seguem ameaçando o crescimento chinês.
Focus: projeção para inflação de 2025 recua após 19 semanas

O Banco Central divulgou nesta segunda-feira, 17, mais uma edição do Relatório Focus com importantes alterações nas projeções do mercado para a inflação, o PIB e o câmbio em diferentes prazos.
Após 19 semanas, a mediana das expectativas para o IPCA deste ano recuou, de 5,68% para 5,66%. Ainda assim, a projeção continua bem acima do teto do intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual ao redor da meta de 3,00% ao ano definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
A projeção do IPCA para 2026, por outro lado, subiu de 4,40% para 4,48%, enquanto a projeção para 2027 se manteve estável em 4,00%. Já em relação às expectativas de inflação para 12 meses à frente (um indicador bastante importante para o Copom), a mediana recuou de 5,30% para 5,23%.
O Focus de hoje também atualizou as projeções para o PIB de 2025, de 2,01% para 1,99%, e de 2026, de 1,70% para 1,60%, enquanto a expectativa para 2027 se manteve em 2,00%. Para o câmbio, a expectativa para 2025 oscilou de R$/US$ 5,99 para R$/US$ 5,98, mas para 2026 e 2027, as expectativas se mantiveram em R$/US$ 6,00 e R$/US$ 5,90, respectivamente.
Por fim, às vésperas de mais uma reunião do Copom em que está prevista uma nova alta de 1,00 p.p. na taxa Selic, para 14,25%, as projeções do mercado se mantiveram em 15,00% para 2025, 12,50% para 2026 e 10,50% para 2027.
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