Dominância em jogo

TenisVesting: o que Donald Trump e Jannik Sinner têm em comum? Ambos retornam depois de um período ausente e colocam sua dominância em jogo

Por Andrea Masagão Moufarrege, Team Leader - Investment Funds Specialists

4 minutos de leitura
Imagem de uma raquete de tênis apoiada sobre uma bolinha de tênis numa quadra de saibro

🎾 Ele voltou a treinar oficialmente em 13 de abril.

Em 9 de fevereiro, menos de 20 dias depois de ter vencido o Australian Open, Jannik Sinner, o líder do ranking mundial, aceitou o acordo de suspensão pela WADA (World Anti-Doping Agency) após ter testado positivo duas vezes em março de 2024, comprovando pequenas dosagens do esteroide anabolizante clostebol.

Depois de um controverso julgamento, em que foi absolvido de culpa ou negligência, o italiano já retomou os treinamentos e retornará às quadras em 4 de maio no Masters 1000 de Roma, ainda como líder do ranking – mesmo sem jogar –, trazendo ainda maior incerteza a um ano em que não há dominância clara no tênis masculino mundial.

Enquanto esteve fora, a chamada “Next Gen” mostrou suas garras. Jack Drapper venceu Indian Wells e Jakub Mensik, o Miami Open. Apesar de performances mais erráticas, Alexander Zverev e Carlos Alcaraz mantém a segunda e a terceira colocação no ranking tendo vencido o Munich Open o Masters 1000 de Monte Carlo, respectivamente. E não podemos esquecer de Novak Djokovic, o maior vencedor do tênis mundial, que foi às semifinais do Australian Open e à final do Miami Open.

Além disso, como momentos de incerteza também trazem oportunidades maiores para surpresas, nosso brasileiro João Fonseca também pode nos dar alegrias nessa temporada no saibro. E não sou (só) eu quem está falando. O próprio ex-número 1 do mundo Andy Roddick destaca a capacidade de aprendizado rápido, a troca de direção de golpes e a convicção como diferenciais de Fonseca em relação a Drapper e Mensik, por exemplo. Confira:

📈 Ele anunciou a nova política tarifária dos EUA em 2 de abril.

Desde que retornou à Casa Branca para seu segundo mandato, Donald Trump intensificou a implementação de tarifas comerciais sobre produtos importados pelos EUA de outros países do mundo. Mas em 2 de abril, no que ele chamou de “Liberation Day”, Trump chegou a um novo patamar, anunciando tarifas recíprocas que variavam de 10% a 50% (e depois chegaram a 125%), com a intenção de sinalizar a dominância econômica dos EUA em relação ao resto do mundo. Na prática, o anúncio deflagrou uma guerra tarifária global em que negociações de acordo já foram abertas, mas permanecem inconclusivas até este momento.

Apesar dos impactos iniciais e das reações terem vindo sobretudo de Mexico, Canadá e Europa, a disputa se concentrou verdadeiramente com a China, que retaliou as medidas americanas também impondo tarifas de 125% sobre determinados produtos americanos. Enquanto os dois países não sentam à mesa de negociação para chegar a um acordo, as implicações para a dinâmica do comércio internacional e a dominância econômica de EUA e China permanecem incertas.

De qualquer forma, os efeitos sobre os mercados, pelo menos no curto prazo, foram fortes, certeiros e repletos de complexidade. Após o anúncio das tarifas, o S&P 500, por exemplo, teve o 11º pior desempenho de três dias desde a Segunda Guerra Mundial. Historicamente, esses movimentos são sucedidos de forte recuperação nos anos seguintes, como Niraj Patel explorou nesta edição do The Weekly Globe, mas vamos ter que aguardar para ver a velocidade desse eventual recuperação.

Tabela com a data, o evento e o percentual de queda do S&P 500 em três dias após o evento, ordenados pelo maior declínio apresentado no período pós-Segunda Guerra Mundial
Fonte: Bloomberg e Itaú Private Bank
Tabela com a data, o evento e tempo levado para se recuperar da respectiva queda do S&P após o evento em questão
Fonte: Bloomberg e Itaú Private Bank

O que tem sido mais errático em relação ao que se observa historicamente é que, diferentemente de outros momentos de grande incerteza, em que os capitais buscam um porto seguro nos EUA, causando fortalecimento do dólar e pressão de queda nas taxas de juros americanas, o que temos visto nas últimas semanas foi um enfraquecimento do dólar (representado no gráfico abaixo pelo índice DXY) e um movimento de alta nos juros americanos (representado no gráfico abaixo pelo USGG10YR). O impacto inflacionário das tarifas está cobrando sua conta também na maior economia do mundo.

Gráfico que mostra a oscilação do dólar pelo índice USGG10YR
Fonte: Bloomberg

Diante desse cenário controverso da economia mundial, o Brasil também pode aproveitar oportunidades. Podemos, por exemplo, ocupar parte do espaço deixado pelos EUA para atender a demanda chinesa por commodities. Se a economia global não entrar em recessão, a redistribuição de capital pelo mundo também pode também gerar um fluxo positivo para o mercado brasileiro e, consequentemente, valorizar o real e ajudar a recuperar os preços de ações brasileiras que estão bastante defasados em relação a outros países emergentes.

🎾 📈 Como no tênis, porém, no mercado, o jogo só acaba depois do último ponto jogado. Já vi muitos jogos aparentemente ganhos sendo virados quando ninguém mais acreditava. A melhor estratégia, portanto, é manter a diversificação e continuar atento a cada oportunidade de ajuste tático que movimentos de mercado volátil sempre oferecem.

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