Governo dos EUA entra em shutdown e inflação da Zona do Euro segue perto da meta

O governo dos EUA entrou em shutdown, uma paralisação dos serviços federais não essenciais, a partir desta quarta-feira, 1º, após falharem as negociações em torno da aprovação do orçamento federal. Segundo a média das expectativas do mercado, a paralisação deve durar até duas semanas e é a 15ª desde 1981.

No centro do impasse, os democratas acusam o Partido Republicano de bloquear recursos para subsídios de saúde que vencem no fim do ano. Já os republicanos afirmam que a oposição “votou pelo fechamento do governo” ao rejeitar um projeto temporário de gastos, citando impactos imediatos, como a interrupção de programas de nutrição infantil e atrasos em pagamentos a veteranos e militares.

Dentre os serviços afetados pelo evento está a coleta e divulgação de dados econômicos pelo governo americano. Órgãos como o Escritório de Estatísticas Trabalhistas (BLS, na sigla em inglês) e o Escritório de Análise Econômica (BEA, na sigla em inglês) ficam com suas operações comprometidas, podendo atrasar a divulgação de relatórios como o Payroll e o Índice de Preços ao Consumidor (CPI). Ainda com ambos os lados inflexíveis, o orçamento deve voltar a ser analisado pelos congressistas nos próximos dias.

O Instituto de Gestão de Fornecimento (ISM) informou nesta quarta-feira, 1º, que o Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) do setor manufatureiro dos EUA subiu de 48,7 em agosto para 49,1 em setembro. O resultado veio levemente acima da expectativa do mercado, que projetava um aumento para 49 pontos. A quebra mostra um qualitativo misto, com quedas nos componentes de novos pedidos e aumento acima das expectativas em emprego, enquanto o índice de preços caiu abaixo das expectativas.

A leitura abaixo dos 50 pontos ainda indica contração da atividade no setor, que atualmente tem menor peso na economia americana, mas o avanço do indicador sinaliza alguma recuperação na atividade industrial. Ainda nesta semana será divulgado o componente do setor de serviços, com o mercado projetando desaceleração, mas em território expansionista.

O Índice de Inflação ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) da Zona do Euro acelerou para 2,2% em setembro, ante os 2,0% registrados em agosto, segundo dados preliminares divulgados pelo Instituto de Estatística da União Europeia (Eurostat). O indicador veio em linha com as expectativas do mercado.

Já o núcleo, que exclui os componentes mais voláteis (como alimentos e energia), se manteve estável na comparação anual, em 2,3%, também conforme o esperado, indicando uma inflação subjacente ainda resistente para ceder.

Nossa visão: a ligeira aceleração no mês se dá por conta do efeito base no componente de energia, não implicando numa deterioração da inflação na margem. Dessa forma, a leitura de setembro reforça a confiança na avaliação do Banco Central Europeu de que a inflação já se encontra ao redor da meta de 2% ao ano e não deve ser um problema no curto prazo. Assim, a autoridade deve focar sua atenção nos dados sobre atividade econômica para avaliar as próximas decisões.

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