Fed corta juros e projeta novos cortes ainda este ano

No Radar do Mercado: como já era esperado, o banco central americano decidiu reduzir taxa de juros nos EUA para intervalo entre 4,00% e 4,25% em decisão dividida. Houve um voto para um corte maior vindo do novo diretor indicado por Trump

Por Itaú Private Bank

5 minutos de leitura

Fed corta juros com votação dividida

Em reunião finalizada nesta quarta-feira, 17, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) decidiu cortar a taxa de juros americana em 0,25 ponto percentual, para o intervalo entre 4,00% e 4,25% ao ano. A decisão, no entanto, foi dividida, com o diretor Stephen Miran votando por um corte maior, de 0,50 p.p.

Em documento divulgado após a reunião, o Comitê afirmou que os indicadores recentes sugerem que atividade econômica desacelerou na primeira metade do ano, com menor geração de empregos e aumento da taxa de desemprego, enquanto a inflação subiu.

Os membros do Fomc também seguiram afirmando que as incertezas em relação ao cenário econômico continuam altas e que permanecem atentos aos dois lados do mandato de máximo emprego e inflação na casa dos 2,0% ao ano, mas incluíram um trecho em que afirmam que os riscos baixistas em relação ao mercado de trabalho aumentaram.

O Comitê reafirmou que ajustará a política monetária nas próximas reuniões conforme for apropriado, levando em consideração dados do mercado de trabalho, as expectativas e as pressões inflacionárias, além das condições econômicas globais.

Projeções do Comitê: mais cortes ainda este ano

A reunião também trouxe atualizações do Comitê para as principais variáveis econômicas dos EUA. Com relação à inflação, o Comitê manteve a projeção para 2025 em 3,0%, mas elevou a de 2026 (de 2,4% em julho para 2,6% agora), enquanto manteve a de 2027 em 2,1% e incluiu a projeção de 2,0% para 2028. Em relação ao núcleo, a projeção do Comitê se manteve em 3,1% para este ano, aumentou para 2,6% em 2026, foi mantida em 2,1% para 2025 e projetada em 2,0% para 2028.

O Comitê também aumentou a estimativa para o PIB deste ano (de 1,4% para 1,6%), 2026 (de 1,6% para 1,8%), 2027 (de 1,8% para 1,9%) e passou a projetar crescimento de 1,8% em 2028. Já em relação à taxa de desemprego, houve manutenção em 4,5% para 2025 e redução (de 4,5% para 4,4%) em 2026 e (de 4,4% para 4,3%) em 2027, além de projeção de 4,2% em 2028.

Em relação aos juros, o Fed reduziu a expectativa para 2025 de 3,9% para 3,6%, o que sugere mais dois cortes de juros de 0,25 p.p. ou um de 0,5 p.p. ainda este ano, além de reduções de 3,6% para 3,4% no ano que vem e de 3,4% para 3,1% em 2027, mesmo patamar projetado para 2028.

Powell: mercado de trabalho mais fraco justifica corte de juros

Na coletiva de imprensa realizada após a reunião, Jerome Powell afirmou que a mudança no balanço de riscos, com a pressão sobre a taxa de desemprego aumentando, mas com a inflação ainda um pouco elevada, justifica a decisão do Comitê de cortar a taxa de juros em 0,25 ponto percentual. Ele também afirmou que não houve apoio suficiente para um corte de maior magnitude nesta reunião.

Sobre as tarifas comerciais, o presidente do Fed disse projetar que elas ainda levarão os preços a subirem neste e no próximo ano, mas que será preciso compreender se elas representarão um risco de inflação persistente. Já sobre o mercado de trabalho, Powell afirmou que a desaceleração reflete as mudanças na imigração, mas que nem tudo pode ser explicado por isso, já que há uma clara desaceleração na demanda, o que também pode ser causado pelas tarifas.

Perguntado sobre as atualizações das projeções do Comitê, Powell repetiu sua fala de que elas não significam um plano a ser seguido e que considera que a política monetária está bem-posicionada para reagir às variáveis econômicas. Powell disse ainda que foi um acerto ter esperado até aqui para mexer nas taxas de juros e que não vê necessidade de movê-las rápido demais.

Em relação às pressões políticas sobre o Comitê, o presidente afirmou que os membros estão bastante comprometidos com a independência do Fed, que o Comitê toma suas decisões apenas com base nos dados e que os membros receberam bem o mais novo integrante, Stephen Miran, indicado por Donald Trump e voto vencido por um corte de maior magnitude nesta reunião.

💬 O que achou deste conteúdo?

Leia também

Confira outras edições do No Radar do Mercado:

Taxa de desemprego surpreende novamente

No Radar do Mercado: dados divulgados pelo IBGE nesta terça-feira mostram resiliência [...]

Focus: às vésperas do Copom, mercado revisa projeções do IPCA, PIB, câmbio e Selic

No Radar do Mercado: mercado revisa projeções para IPCA, PIB, câmbio e Selic em difer [...]

Serviços crescem em julho, mas composição indica desaceleração da atividade

No Radar do Mercado: resultado do setor de serviços veio levemente abaixo das expecta [...]