Focus: às vésperas do Copom, mercado revisa projeções do IPCA, PIB, câmbio e Selic
No Radar do Mercado: mercado revisa projeções para IPCA, PIB, câmbio e Selic em diferentes prazos. Na China, dados de indústria e comércio decepcionam. Confira também nossa expectativa para o Copom desta quarta-feira
Por Itaú Private Bank

O Banco Central divulgou nesta segunda-feira, 15, mais uma edição do Relatório Focus, registrando queda nas projeções do IPCA, do PIB, do câmbio e da Selic em diferentes prazos, além de um aumento no PIB de 2027.
Começando pelo IPCA, a mediana das projeções para 2025 recuou de 4,85% para 4,83%, mas ainda permanece acima do teto do intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual ao redor da meta de 3,0% ao ano definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para 2026, a estimativa se manteve estável em 4,30%, enquanto a previsão para 2027 caiu de 3,93% para 3,90%. Já a expectativa para a inflação de 12 meses à frente, um indicador importante para o Copom, apresentou um recuou de 4,45% e 4,43%.
Na parte do PIB, o relatório registrou manutenção na projeção para 2025 (2,16%), queda na projeção para 2026, de 1,85% para 1,80%, e alta na projeção para 2027, de 1,88% para 1,90%. Em relação ao câmbio, a estimativa para 2025 recuou de R$/US$ 5,55 para R$/US% 5,50, enquanto as projeções para 2026 e 2027 se mantiveram em R$/US$ 5,60.
Por fim, a expectativa para a taxa Selic em 2025 se manteve estável em 15,00% a.a., mas a expectativa para 2026 recuou de 12,50% para 12,38%, enquanto se manteve estável em 10,50% para 2027.
Cockpit do Copom: o que esperar da próxima reunião do Banco Central?
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reunirá novamente nesta terça-feira, 16, e quarta-feira, 17. Segundo a análise da equipe de macroeconomia do Itaú BBA, a autoridade monetária deve decidir, por unanimidade, pela manutenção da taxa Selic em 15,00% ao ano, a fim de assegurar a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante da política monetária. As principais expectativas, no entanto, ficam por conta da eventual sinalização sobre os próximos passos que o Comitê poderá dar.
De acordo com relatório do Itaú BBA, o Comitê parece estar ganhando confiança na desaceleração da economia, em ritmo consistente com suas expectativas, de modo que não vê necessidade de ajustar sua visão sobre a taxa de juros no momento. Isso permite que a autoridade monetária aguarde bastante tempo para sinalizar qualquer prescrição futura sobre possível ritmo e timing de flexibilização. Dessa forma, o Itaú BBA mantém a expectativa de início do ciclo de cortes apenas no 1º trimestre de 2026.
IBC-Br recua mais do que o esperado em julho
O Banco Central também divulgou nesta segunda-feira, 15, o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) de julho com recuo de 0,5% em relação ao mês anterior, na série de dados dessazonalizados. O resultado veio bem abaixo das expectativas do mercado, que esperava uma contração de 0,2%. O avanço na comparação com o mesmo mês de 2024 foi de 1,1%, enquanto no acumulado em 12 meses foi de 3,5%.
Vale lembrar que esse indicador, que acompanha a evolução da atividade econômica do país, agrega os resultados do setor de serviços e da produção industrial, além das estatísticas do setor agropecuário e impostos. No relatório atual, todos os segmentos apresentaram recuo. O setor industrial foi o que mais caiu (-1,1%) na comparação mensal, enquanto o setor agropecuário registrou queda de -0,8%, o de serviços -0,2% e volume de impostos -0,7%.
Nossa visão: o IBC-Br abaixo do esperado pelo mercado reforça a tendência já vista pelos indicadores de atividade de julho divulgados pelo IBGE de uma desaceleração da atividade no início deste terceiro trimestre, o que deve persistir ao longo dos próximos meses.
Na China, indústria e varejo decepcionam e desemprego aumenta em agosto
A produção industrial da China desacelerou de 5,7% em julho para 5,2% em agosto, bem abaixo das expectativas do mercado de manutenção em 5,7%, segundo os dados divulgados pelo Departamento Nacional de Estatística do governo chinês. O crescimento das vendas no varejo também desacelerou, de 3,7% em julho para 3,4% em agosto, abaixo das expectativas do mercado, que esperava uma alta de 3,8%.
Enquanto isso, os investimentos em ativos fixos desaceleraram de 1,6% em julho para 0,5% no acumulado do ano, versus mesmo período do ano anterior, também bastante abaixo das expectativas (1,5%). A queda nos investimentos em infraestrutura chamou a atenção, principalmente depois que as autoridades limitaram novos financiamentos, dado que já utilizaram 92% da cota destinada a 2025. Adicionalmente, a taxa de desemprego subiu de 5,2% para 5,3% na passagem mensal.
Nossa visão: os dados da atividade chinesa vieram significativamente abaixo das expectativas do mercado em agosto e mostraram desaceleração generalizada no terceiro trimestre do ano. Diante disso, cresce a expectativa por novas rodadas de estímulos por parte do governo chinês. As autoridades chinesas, inclusive, anunciaram uma coletiva de imprensa para a próxima quarta-feira, 17, na qual podem anunciar novas medidas para a expansão do consumo de serviços, mas possivelmente não na mesma magnitude do anunciado em setembro do ano passado.
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