Vendas no varejo de julho reforçam quadro de desaceleração da atividade
No Radar do Mercado: IBGE divulgou a PMC com queda maior do que a esperada do varejo ampliado na comparação interanual; nos EUA, inflação segue avançando; na Europa, Banco Central mantém taxas de juros inalteradas
Por Itaú Private Bank

Segundo dados da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) divulgada nesta quinta-feira, 11, pelo IBGE, as vendas do varejo ampliado aumentaram 1,3% entre junho e julho na série com ajuste sazonal. No entanto, houve revisão baixista de leituras anteriores. Em relação a julho do ano passado, as vendas registraram queda de 2,5%, bem abaixo da mediana das expectativas de mercado (-1,6%).
Já as vendas do varejo restrito, que exclui itens como veículos, motos, partes e peças, materiais de construção e atacarejo, caíram 0,3% no comparativo mensal com ajuste sazonal, em linha com a mediana das expectativas do mercado. Em relação a julho de 2024, houve alta de 1,0%.
Dos 10 setores pesquisados, seis avançaram e apenas quatro recuaram. O destaque positivo na série foi para “Veículos e motos, partes e peças” (1,8% no mês), enquanto o destaque negativo foi para “Tecidos, vestuário e calçados” (-2,9% no mês).
Nossa visão: as vendas no varejo ampliado vieram abaixo das expectativas na comparação interanual e observamos um leve aumento em itens sensíveis ao crédito, mas insuficiente para compensar a fraqueza registrada no mês anterior. Esses resultados reforçam a visão de desaceleração da atividade econômica de forma gradual, que deve se estender para o terceiro trimestre do ano.
Núcleo do CPI dos EUA avança em agosto

O núcleo do Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos EUA, que desconsidera itens mais voláteis, como alimentos e energia, registrou alta de 0,35% em agosto, levemente acima do registrado em julho (0,32%) e das expectativas do mercado (0,30%). No acumulado em 12 meses, o núcleo registrou alta de 3,1%, repetindo o resultado do mês anterior.
Já o índice cheio registrou alta de 0,4% em agosto, acelerando em relação a julho (0,2%) e acima das expectativas do mercado (0,3%), segundo dados divulgados nesta quinta-feira, 11, pelo Escritório de Estatísticas Trabalhistas (BLS, na sigla em inglês). Com isso, a inflação acumulada em 12 meses avançou de 2,7% em julho para 2,9% em agosto, em linha com as projeções.
Nossa visão: as pressões inflacionárias seguem gradualmente ganhando tração nos EUA, à medida que o componente de bens acelera e o de serviços deixa de ceder. Ainda assim, os componentes do CPI que são transmitido ao PCE, índice utilizado nas projeções do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), indicam uma leitura mais suave. Portanto, a leitura não deve trazer preocupações ao Fed, abrindo espaço para corte de juros.
BCE estende pausa iniciada no encontro passado
O Banco Central Europeu (BCE) decidiu manter as principais taxas de juros da Zona do Euro inalteradas nesta quinta-feira, 11, em linha com o esperado pelo mercado. Com isso, a taxa de depósito continua a ser de 2,00%, a de refinanciamento de 2,15% e a de empréstimos, 2,40%. Na reunião anterior, em julho, o BCE já havia pausado o ciclo de relaxamento monetário iniciado em meados de 2024, que levou a oito cortes das taxas.
Em comunicado, o BCE informou que a inflação está atualmente próxima da meta de 2,0% ao ano, e que a maior parte das medidas de inflação subjacente sugerem que os preços irão se estabilizar ao redor da meta. A decisão acontece em meio a um alívio nos receios em relação aos impactos das tarifas americanas na economia europeia. Em contrapartida, o tom cauteloso expressa a preocupação em meio ao aumento de tensões no continente europeu, com a Rússia intensificando ataques contra a Ucrânia e a queda do primeiro-ministro francês, François Bayrou.
O BCE também divulgou projeções atualizadas para os principais indicadores econômicos da região. Sobre a inflação, as expectativas foram atualizadas para 2,1% em 2025, 1,7% em 2026 e 1,9% em 2027. Já as estimativas para o núcleo da inflação, que exclui componentes mais voláteis, são de 2,4% em 2025, 1,9% em 2026 e 1,9% para 2027. Em relação ao PIB, a projeção para a região foi de 0,9% para 1,2% para 2025, ajustada para 1,0% em 2026 (ante 1,1%) e mantida em 1,3% em 2027.
A autoridade monetária também não se comprometeu com nenhuma trajetória específica à frente, enfatizando que os próximos passos serão decididos “reunião a reunião” e à luz dos dados disponíveis.
Nossa visão: em coletiva de imprensa, a presidente do BCE, Christine Lagarde, afirmou que a política monetária segue em uma boa posição e que a inflação está onde o BCE deseja. Segundo ela, desvios mínimos em relação à meta de inflação oficial de 2% não justificarão necessariamente novos ajustes, o que oferece suporte à visão de que a autoridade monetária europeia encerrou o atual ciclo de corte de juros.
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