Guerra comercial: impactos das tarifas no cenário macro e nos mercados

Confira os destaques do bate-papo com Christopher Garman, diretor para as Américas da Eurasia, Nicholas McCarthy, CIO do Itaú, e Gina Baccelli, economista-chefe do Itaú Private Bank

Por Itaú Private Bank

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Crédito: Itaú Private Bank

Aconteceu na segunda-feira, 7, uma live extraordinária para os nossos clientes sobre a guerra comercial e escalada de tensão entre os EUA e China, com foco nos impactos nos mercados e investimentos. A conversa contou com a presença de Christopher Garman, diretor para as Américas da Eurasia, Nicholas McCarthy, Chief Investment Officer do Itaú, e Gina Baccelli, economista-chefe do Itaú Private Bank.

A seguir, confira os principais destaques do bate-papo:

O “tarifaço” de Donald Trump

  • O anúncio das novas tarifas recíprocas do presidente americano, Donald Trump, realizado dia 2 de abril, surpreendeu até mesmo os analistas mais pessimistas devido ao forte protecionismo e representou um choque para o sistema de comércio internacional.
  • Trump acredita no uso das tarifas como uma forma de reindustrialização dos EUA, reduzindo a dependência de cadeias globais, além de gerar receita e corrigir desequilíbrios comerciais.
  • O presidente americano está confiante e disposto a tomar decisões sem passar pelo crivo da própria equipe.
  • Vários países devem buscar acordos, reduzindo suas tarifas. Não há indícios de que o governo possa recuar no curto prazo, embora haja margem para negociações pontuais.
  • A retaliação do governo chinês superou as expectativas. O cenário mais provável é de uma ruptura das relações comerciais entre China e EUA, algo que afeta a economia global e que aumenta os riscos de uma escalada involuntária.
  • É possível observar algumas fissuras no setor empresarial, que devem questionar e cobrar o governo com mais intensidade. Elon Musk, por exemplo, criticou as medidas publicamente.

Perspectivas para o dólar

  • O dólar enfrenta seu nível mais alto desde os anos 70, devido a diversos fatores, como o crescimento da economia americana acima da média.
  • Desde o início do ano, no entanto, alguns eventos aceleraram a queda do dólar.
  • O anúncio das tarifas tenderia a fortalecer a moeda, mas houve uma desvalorização.
  • O mercado começou a precificar uma possível recessão mundial e aumentou o risco de recessão nos Estados Unidos. No entanto, este não é o nosso cenário-base, pois o setor privado está em superávit.
  • Salvo em caso de recessão, a tendência é de uma reversão dos fluxos de capital (saindo dos EUA em direção a outros países, o que deve favorecer o Brasil).
  • Até o momento, não acreditamos em um cenário de valorização do dólar. Se não houver recessão global, a probabilidade é de queda da moeda.

Brasil

  • A queda das commodities e a depreciação do dólar são fatores deflacionários para todos os países, possivelmente abrindo espaço para corte de juros adiante.
  • O mercado precifica no momento menos altas na taxa Selic do que o projetado anteriormente. É possível que o Banco Central enxergue espaço para começar a cortar os juros no próximo ano.
  • A redistribuição global de capital pode gerar uma valorização do real, especialmente se a economia global não entrar em recessão.
  • A bolsa brasileira continua sendo negociada com desconto e sua performance pode ser positiva nos próximos anos, exceto em caso de recessão global.

Cenário geopolítico

  • O mundo vive um cenário de fragmentação econômica e geopolítica, com tensões crescentes entre EUA, China, Rússia, Europa e Oriente Médio.
  • Destaque para a postura menos flexível de Trump, que vem tomando decisões geopolíticas desejadas desde o seu primeiro mandato, mas que ainda não haviam sido colocadas em prática.
  • Donald Trump enfrenta um impasse em sua negociação com Vladimir Putin, pois não consegue entregar uma redução das sanções sem acordo com a União Europeia, o que gera tensão e dificuldade nas negociações comerciais com o bloco.
  • Segundo Garman, não há expectativa de acordo de paz no curto prazo entre Rússia e Ucrânia.
  • Os conflitos no Oriente Médio seguem como uma pauta sensível, em um cenário onde o Irã está enfraquecido e Israel empoderado.

Para assistir a live completa, fale com sua equipe de atendimento.

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