Payroll de março vem bem acima das expectativas e China anuncia retaliação aos EUA

No Radar do Mercado: relatório do Departamento do Trabalho dos EUA reporta 88 mil vagas de trabalho geradas a mais do que a expectativa do mercado, o que compensou revisão para baixo dos meses anteriores. Enquanto isso, China anuncia medidas de retaliação às tarifas impostas pelos EUA, incluindo uma taxação de 34% sobre produtos americanos

Por Itaú Private Bank

5 minutos de leitura

Payroll de março vem bem acima da expectativa

O Payroll, relatório de folha de pagamentos do Departamento do Trabalho dos EUA, indicou a criação de 228 mil vagas de emprego fora do setor agrícola em março, bem acima da projeção do mercado, que era de 140 mil vagas, e das 117 mil vagas geradas em fevereiro, uma revisão das 151 mil vagas divulgadas anteriormente.

A taxa de desemprego, por sua vez, subiu de 4,1% para 4,2%, enquanto o mercado projetava manutenção. Já a taxa de participação oscilou 0,1 ponto percentual para cima, para 62,5%. Na parte dos rendimentos, os ganhos salariais por hora trabalhada subiram 0,25% em março, levemente acima dos 0,22% registrados em fevereiro. Em 12 meses, porém, os ganhos desaceleraram de 3,97% para 3,84%.

Nossa visão: a leitura de hoje era bastante aguardada pois, caso os números indicassem uma desaceleração da atividade nos EUA, o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) poderia ser levado a cortar juros de forma mais rápida, mais alinhado com as expectativas do mercado, que projeta quatro cortes ainda neste ano. No entanto, o dado bem acima do esperado mostrou que o mercado de trabalho segue sólido, o que, em conjunto com um cenário de inflação ainda pressionada, reforça a postura cautelosa que o Fed vem adotando até o momento.

China anuncia retaliações às tarifas impostas pelos EUA

Em resposta ao anúncio do presidente dos EUA, Donald Trump, de aplicação de tarifas recíprocas sobre produtos importados de uma grande lista de países, com foco, sobretudo, nos países asiáticos, a China anunciou a implementação de uma tarifa adicional de 34% sobre produtos americanos prevista para entrar em vigor no dia 10 de abril, um dia após as tarifas recíprocas americanas.

O governo chinês também revelou que irá implementar controles sobre as exportações de minerais de terras raras, base para produtos como chips para celulares, computadores e cartões. A medida começa a valer já a partir de hoje, 4. Além disso, a China adicionou 11 entidades americanas à lista de “entidade não confiáveis”, o que significa que elas estão proibidas de se envolver em atividades de importação e exportação e de investirem no país.

Em paralelo, o Canadá revelou planos de impor uma tarifa de 25% sobre veículos fabricados nos EUA, excluindo peças automotivas. Já na Europa, os líderes estão considerando aplicar medidas não tarifárias. O presidente da França, Emmauel Macron, pediu a interrupção dos investimentos nos EUA e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, está priorizando as negociações.

No caso do Brasil, o vice-presidente Geraldo Alckmin afirmou que, por enquanto, o governo não pretende invocar a Lei de Reciprocidade aprovada pelo Congresso Nacional nesta semana, e que irá priorizar o diálogo, com equipes técnicas do Brasil e dos EUA programadas para se reunirem na próxima semana.

💬 O que achou deste conteúdo?

Leia também

Confira outras edições do No Radar do Mercado:

Trump anuncia tarifas recíprocas, mas Brasil recebe taxação mínima de 10%

No Radar do Mercado: nível das tarifas, bem como a quantidade de países afetados, fez [...]

Produção industrial brasileira recua e Trump deve anunciar tarifas recíprocas

No Radar do Mercado: indústria nacional registra o quinto mês consecutivo sem crescim [...]

Focus: mercado revisa projeções para câmbio e PIB, além de inflação de 12 meses à frente

No Radar do Mercado: Banco Central divulgou novo Boletim Focus com revisão no câmbio [...]