Trump anuncia tarifas recíprocas, mas Brasil recebe taxação mínima de 10%
No Radar do Mercado: nível das tarifas, bem como a quantidade de países afetados, fez anúncio ser considerado mais agressivo do que o esperado, mas leitura é de que, no caso do Brasil, o pior cenário foi evitado
Por Itaú Private Bank
O presidente Donald Trump anunciou ontem, 2, as prometidas tarifas recíprocas que serão aplicadas sobre produtos importados de uma série de países. Os valores vão de 10% a 50% e estão correlacionados ao superávit de cada país na balança comercial de bens com os EUA. No geral, o valor das tarifas, a quantidade de países afetados e a escolha por uma aplicação abrangente de produtos fez o anúncio ser considerado mais agressivo do que o esperado. Apenas produtos como aço e alumínio e automóveis e peças, já afetados por outras medidas, além de cobre, produtos farmacêuticos, semicondutores, madeira, metais preciosos, energia e alguns outros minerais que foram poupados da taxação.
Os países mais afetados pelo anúncio de ontem foram os asiáticos. A China receberá uma taxação adicional de 34% sobre os 20 p.p. que já haviam sido anunciados, levando a tarifa efetiva sobre os produtos chineses para 64%. Outros países da região, como Camboja (49%), Vietnã (46%), Sri Lanka (44%) e Bangladesh (37%), também estão no topo do ranking de tarifas anunciadas.
Canadá e México, por outro lado, foram poupados das tarifas anunciadas ontem. A Casa Branca confirmou que, por ora, os dois países vizinhos continuarão sujeitos às taxas de 25% que já estão em vigor sobre produtos fora do acordo de livre-comércio USMCA. No caso da Europa, a taxação aplicada será de 20%. Em resposta, a região sinalizou que está finalizando um primeiro pacote de contramedidas e o presidente do Conselho Europeu indicou que quer tirar do papel acordos comerciais com outras regiões que ainda não entraram em vigor, dentre eles o acordo Mercosul-União Europeia, que foi assinado no final do ano passado, mas ainda não começou a valer de fato.
No caso do Brasil, a leitura é de que o pior cenário foi evitado. Os produtos brasileiros receberão uma taxação mínima de 10%, assim como a maioria dos demais países da América Latina. Na região, apenas Venezuela e Nicarágua receberão taxações maiores. Existe a possibilidade, inclusive, de que produtos como o café brasileiro possam ganhar maior competitividade no mercado americano, dado que concorrentes, como o Vietnã, receberão taxações maiores.
Em termos de timing, as tarifas mínimas de 10% devem entrar em vigor a partir do dia 5 de abril. Enquanto isso, taxas recíprocas mais altas deverão começar a valer no dia 9. Caso as medidas entrem em vigor conforme foram anunciadas ontem, a tarifa média sobre importações americanas atingirá nível não visto há praticamente um século. As medidas têm potencial para causar turbulência no comércio internacional e podem contratar uma desaceleração relevante do crescimento global.
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