IPCA-15 desacelera mais do que o esperado e Trump anuncia novas tarifas
No Radar do Mercado: inflação medida pelo IPCA-15 veio abaixo das expectativas do mercado e com composição mais benigna. Enquanto isso, Banco Central divulgou Relatório Trimestral de Inflação com visão dovish sobre a atividade econômica e Trump anunciou novas tarifas sobre carros importados
Por Itaú Private Bank
IPCA-15 desacelera além do esperado em março
O IBGE divulgou hoje, 27, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) de março, que desacelerou de 1,23% em fevereiro para 0,64%, abaixo das nossas expectativas (0,74%) e da mediana do mercado (0,70%). No acumulado em 12 meses, o IPCA-15 avançou de 5,0% em fevereiro para 5,3%.
Todos os nove grupos de produtos e serviços pesquisados registraram alta em março. O grupo de Alimentação e bebidas foi o que mais avançou (1,09%) e contribuiu (0,24 p.p.) para a alta do índice cheio, influenciado por altas tanto na alimentação no domicílio, impulsionada por altas em itens como o ovo de galinha (19,44%), quanto na alimentação fora do domicílio. Na sequência, os grupos que mais cresceram em março foram os Transportes (0,92%) e as Despesas pessoais (0,81%).
Com relação às medidas do núcleo, que possuem maior relação com o ciclo econômico, os serviços subjacentes vieram abaixo das expectativas, puxados pelo aluguel residencial, enquanto industriais subjacentes vieram abaixo do esperado sob a influência de itens de higiene pessoal.
Nossa visão: o dado divulgado hoje veio com o qualitativo melhor do que esperado. A surpresa baixista foi concentrada em industriais e disseminada entre os itens do grupo, sugerindo que o repasse da depreciação cambial pode ser menos intenso do que esperávamos.
Relatório Trimestral de Inflação traz tom mais brando
O Banco Central divulgou o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de março prevendo uma inflação de 3,9% no horizonte de política relevante, atualmente no terceiro trimestre de 2026, inconsistente com uma pausa no atual ciclo de alta de juros. No entanto, o texto traz uma visão branda (dovish) sobre a atividade econômica.
A previsão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central para o PIB de 2025 foi revisada de 2,1% para 1,9%, em particular por causa do componente cíclico, que é mais sensível aos efeitos defasados da política monetária. Além disso, o documento destaca os desafios acerca da adoção de ajustes sazonais. Usando um novo método de ajuste linha a linha, o PIB do primeiro trimestre de 2025 deve confirmar uma desaceleração do PIB não agrícola.
Na nossa visão, esses fatores limitam a probabilidade de um aumento maior, de 0,75 ponto percentual, na próxima reunião do Copom. Ainda esperamos que o Comitê encerre o ciclo de alta de juros com mais dois aumentos de 0,5 ponto percentual, levando a Selic a uma taxa terminal de 15,25% ao ano.
Trump anuncia tarifas de 25% sobre carros importados
O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou ontem, 26, que irá impor tarifas de 25% sobre todos os carros importados pelo país, com previsão para implementação em 2 de abril, mesma data prevista para o anúncio das tarifas recíprocas. Trump também declarou que vai começar a taxar autopeças importadas, sem determinar um dia, mas afirmando que não será depois de 3 de maio.
Os EUA importaram cerca de oito milhões de carros em 2024, o que representou cerca de US$ 240 bilhões. O México é o principal fornecedor estrangeiro de carros para os EUA, seguido por Coreia do Sul, Japão, Canadá e Alemanha. No caso do Brasil, o impacto deve ser limitado, dado que menos de 10% das exportações brasileiras de carros e autopeças vai para os EUA e esses itens representam menos de 4% das exportações brasileiras no geral. Haverá, no entanto, um impacto sobre as empresas brasileiras do ramo.
Em resposta, o presidente Lula disse em coletiva de imprensa que, caso recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) não seja suficiente, sobretaxar importações dos EUA é uma opção. Lula também defendeu o multilateralismo e criticou a agenda protecionista de Trump.
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