Inflação surpreende nos EUA, enquanto desemprego e IGP-M recuam no Brasil
No Radar do Mercado: núcleo da inflação medida pelo PCE nos EUA vem acima das expectativas do mercado em fevereiro, levando a uma aceleração do acumulado em 12 meses. Enquanto isso, no Brasil, desemprego recua na série com ajuste sazonal e IGP-M de março vem menor do que o esperado
Por Itaú Private Bank
Núcleo do PCE dos EUA de fevereiro surpreende o mercado
O núcleo do Índice de Preços das Despesas de Consumo Pessoal (PCE, na sigla em inglês) dos EUA, que exclui os componentes mais voláteis, como energia e alimentos, e é uma das medidas mais acompanhadas pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), avançou 0,4% em fevereiro, acelerando em relação ao 0,3% registrado em janeiro e vindo acima das expectativas do mercado, que esperava uma manutenção do ritmo (0,3%). Na base anual, o núcleo do PCE acelerou dos 2,7% revisados de janeiro para 2,8% em fevereiro, também acima do esperado (2,7%).
O indicador “cheio” do PCE, por sua vez, apresentou alta de 0,3% em fevereiro, mantendo o ritmo de janeiro, conforme o mercado já projetava. Assim, na base anual, o PCE registra alta de 2,5%, em linha com as expectativas e no mesmo ritmo dos 12 meses encerrados em janeiro.
O Escritório de Análise Econômica (BEA, na sigla em inglês) também informou que os gastos pessoais dos consumidores americanos cresceram 0,4% em fevereiro, após ter registrado uma queda de 0,3% em janeiro (dado revisado de -0,2% anteriormente), mas ainda abaixo da expectativa do mercado, que projetava uma aceleração para 0,5%. Já na parte de renda pessoal, o índice de fevereiro registrou alta de 0,8%, surpreendendo bastante o mercado, que esperava uma alta de apenas 0,4% e acima também do índice de janeiro, revisado de 0,9% para 0,7%.
Nossa visão: o dado de inflação de hoje, acima do esperado pelo mercado, somado à desaceleração do consumo, reforça a perspectiva incerta quanto a um eventual novo corte de juros nos EUA pelo Fed. Com o núcleo do PCE em 12 meses acelerando para 2,8%, a inflação voltou a se distanciar da meta e levantou novas dúvidas sobre a quantidade de cortes que a autoridade monetária deve promover ainda este ano.
Atualmente a projeção do mercado está próxima a três cortes, mas acreditamos que a inflação ainda acima da meta em um ambiente de elevada incerteza – e potencialmente mais inflacionário – limitem o espaço para o Fed cortar juros.
No Brasil, desemprego diminui em fevereiro na série com ajuste sazonal
O IBGE divulgou nesta sexta-feira, 28, os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua indicando que a taxa de desemprego subiu de 6,5% no trimestre encerrado em janeiro para 6,8% no trimestre encerrado em fevereiro. O resultado veio em linha com a nossa projeção e a mediana das expectativas do mercado, ambas de 6,8%.
Na nossa estimativa da série com ajuste sazonal, no entanto, a taxa de desemprego caiu de 6,6% no trimestre encerrado em janeiro para 6,5% em fevereiro, resultado do aumento do emprego (0,3% na variação mês contra mês, com ajusta sazonal) maior do que o aumento da força de trabalho (0,1%). Já a taxa de participação aumentou 0,1 p.p., para 62,4%, combinando o aumento da força de trabalho com a expansão da população em idade ativa. A população ocupada, por sua vez, cresceu no setor formal (0,5%), mas contraiu no setor informal (-0,2%).
Na parte de rendimento, a pesquisa indicou um aumento de 0,8% na massa salarial efetiva, impulsionada tanto pela expansão do emprego quanto pelo aumento do rendimento médio, que registrou alta de 0,4% na variação mês contra mês, com ajusta sazonal.
Nossa visão: os números divulgados seguem indicando um mercado de trabalho resiliente. A taxa de desemprego repetiu o valor mais baixo para um trimestre encerrado em fevereiro desde 2014 e ficou 1,0 ponto percentual abaixo do mesmo período do ano passado. O número de trabalhadores com carteira assinada bateu recorde (39,6 milhões) assim como o rendimento médio (R$ 3.378). Com a desaceleração gradual projetada para a atividade econômica à frente, nossa previsão é de que a taxa de desemprego deve encerrar 2025 em 6,8%, um pouco acima de 2024 (6,6%).
Inflação medida pela FGV recua além do esperado em março
O Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) divulgado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) desacelerou de 1,06% em fevereiro para -0,34% em março, bem abaixo das projeções do mercado (-0,18%). Em 12 meses, o índice passou a acumular alta de 8,58%.
O resultado do IGP-M de março foi composto pela queda de 0,73% do Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que corresponde a cerca de 60% do índice, somado a uma alta de 0,80% do Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que tem peso de 30%, e uma alta de 0,51% do Índice Nacional de Custo da Construção (INCC).
Olhando para a composição, o principal responsável pela queda do indicador foi o preço do minério de ferro no atacado, que recuou 3,64% em março, após avanço de 0,32% em fevereiro, como resultado das maiores preocupações em relação à guerra comercial.
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