Produção industrial surpreende em agosto

No Radar do Mercado: indústria acelera em agosto e supera expectativas do mercado, mas mantém tendência de desaceleração no terceiro trimestre. Nos EUA, ISM de serviços registra queda em setembro, enquanto shutdown adia divulgação do Payroll

Por Itaú Private Bank

5 minutos de leitura
Grafico com os resultados das variações mensais e anuais da Pequisa industrial Mensal, apurada pelo IBGE

Segundo dados da Pesquisa Industrial Mensal (PIM) divulgada nesta sexta-feira, 3, pelo IBGE, a produção industrial brasileira teve alta de 0,8% em agosto frente a julho, na série com ajuste sazonal. A alta foi maior do que a esperada pelo mercado (0,4%). No período, a indústria de transformação expandiu 0,6% frente ao mês anterior, enquanto extrativa/mineração contraiu 0,3% na comparação mensal. No comparativo com setembro de 2024, houve retração de 0,7%.

Em relação às quatro grandes categorias econômicas, no lado positivo ficaram “Bens intermediários” (+1,0%), “Bens de consumo semiduráveis e não duráveis” (+0,9%) e “Bens de consumo duráveis” (+0,6%). Já “Bens de capital” (-1,4%) foi a única categoria que registrou retração.

No total, 16 das 25 atividades industriais pesquisadas registraram expansão no mês, com destaque positivo para “produtos farmoquímicos e farmacêuticos” (+13,4%), “produtos derivados do petróleo e biocombustíveis” (+1,8%) e “produtos alimentícios” (+1,3%). Já entre os recuos, os principais impactos vieram de “produtos químicos” (-1,6%) e “máquinas e equipamentos” (-2,2%).

Nossa visão: apesar do resultado acima do esperado em agosto, a indústria continua perdendo fôlego no terceiro trimestre – tendência que deve persistir nos próximos meses.

ISM de serviços dos EUA recua em setembro

O Instituto de Gestão de Fornecimento (ISM) informou que o Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) do setor de serviços dos EUA caiu de 52,0 em agosto para 50,0 em setembro. O resultado veio abaixo da expectativa do mercado, que projetava uma queda para 51,7 pontos, e ficou bem no limiar de 50 pontos, que separa a contração (abaixo) da expansão (acima).

Na quebra por componentes, a abertura sugere uma piora no qualitativo do dado. Os novos pedidos (relacionados à demanda) caíram de 56 pontos para 50,4, enquanto a parte de preços seguiu bem elevada e acelerou, para 69,4 pontos. O componente de emprego, por sua vez, seguiu em território contracionista (47,2), mas apresentou uma alta acima do esperado.

Shutdown nos EUA suspende divulgação do Payroll

Ainda sem um acordo entre os congressistas democratas e republicanos em torno do orçamento federal, o governo dos EUA segue em shutdown. Com isso, a divulgação do Payroll de setembro, relatório de folha de pagamentos produzido pelo Departamento do Trabalho dos EUA, foi adiada. Caso a situação se mantenha por período prolongado, é possível que o trabalho de campo de coleta de dados do Payroll de outubro também sofra atraso.

Sem a divulgação principal, restaram os dados divulgados na última quarta-feira, 1º, pela ADP. Segundo a entidade, o setor privado dos EUA cortou 32 mil empregos em setembro (na série com ajuste sazonal), bem abaixo das expectativas do mercado (+52 mil) e do dado do mês anterior (-3 mil, revisado de +54 mil), além de revisões para baixo nos meses anteriores. Apesar de não serem tão bem relacionados, ADP e Payroll costumam compartilhar tendências.

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