Os impactos da alta no preço do petróleo na inflação
No Radar do Mercado: o preço do barril de petróleo alcançou o patamar mais alto desde outubro do ano passado; na agenda de divulgações, destaque para o IPCA e o CPI nos EUA
Por Itaú Private Bank
O petróleo atingiu o patamar mais alto desde outubro do ano passado, para cerca de 90 dólares por barril (Brent) no início deste mês. Do lado da demanda, a economia global mais forte, com crescimento robusto americano, além da recuperação em andamento na China, contribui para preços mais elevados da commodity.
Já do lado da oferta, há a extensão de cortes voluntários na produção de petróleo da OPEP+, além do maior prêmio de risco por conta do cenário geopolítico (na Ucrânia e em Israel), que causam temores de redução de oferta. Isso porque os ataques ucranianos nas refinarias russas reduzem a capacidade de produção de petróleo (o risco de escalada da guerra implicaria em uma subsequente disrupção de mais refinarias). Além disso, há o risco de o Irã, que produz o equivalente a 3% da produção global, reduzir oferta por conta da escalada no Oriente Médio.
Vale destacar, porém, que o mercado pode eventualmente descontar os riscos geopolíticos hoje embutidos no preço do petróleo, caso um cenário mais turbulento não venha a se concretizar.
Nossa visão: de maneira geral, o impacto do petróleo mais caro é inflacionário. A alta observada em março e neste mês tende a aparecer nas leituras de inflação de março e abril. O efeito já deve aparecer no índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos EUA, que será divulgado amanhã, após a divulgação do IPCA no Brasil.
Na frente local, com preços mais altos no mercado internacional, a defasagem no preço doméstico da gasolina se encontra elevada, em -17%, segundo dados da Abicom. Com isso, fica no radar a possibilidade de eventuais ajustes no preço doméstico, com consequente impacto altista na inflação brasileira.
Destaques econômicos da semana
No Brasil, a divulgação da inflação mensurada pelo IPCA, que acontece na quarta-feira, está no centro das atenções dos investidores nesta semana. A expectativa é de desaceleração na comparação mensal, levando a taxa acumulada em 12 meses para 4,0% (de 4,5%). Na frente de atividade, as vendas no varejo e o volume de serviços de fevereiro serão publicados na quinta e na sexta-feira, respectivamente.
Já no cenário internacional, além do CPI, o Federal Reserve (Fed, banco central americano) publica também na quarta-feira a ata de sua última reunião de política monetária.
Na Zona do Euro, o Banco Central Europeu divulgará sua decisão de política monetária na quinta-feira, com expectativa de manutenção das taxas. Por fim, na China, os dados de preços ao consumidor (CPI) e ao produtor (PPI) de março serão publicados na quarta-feira. O mercado espera inflação de 0,4% a/a no CPI e deflação de 2,8% a/a no PPI.
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