Inflação medida pelo PCE desacelera nos EUA; no Brasil, desemprego recua

O núcleo do Índice de Preços das Despesas de Consumo Pessoal (PCE, na sigla em inglês) dos EUA subiu 0,2% em junho. O indicador, que exclui as pressões de energia e alimentos, veio em linha com as expectativas e desacelerou levemente na comparação com o mês anterior (0,3%).

Na comparação anual, o indicador desacelerou de 4,6% para 4,1%, enquanto o mercado esperava uma queda ligeiramente menos intensa (4,2%). Vale lembrar que o indicador é uma das referências usadas pelo Federal Reserve (Fed, banco central americano) em suas decisões de política monetária.

O indicador “cheio” do PCE, que inclui os itens mais voláteis, acelerou levemente, de 0,1% para 0,2%, em linha com as expectativas. Já na comparação anual, houve um recuo, de 3,8% para 3%, ligeiramente abaixo do esperado (3,1%).

Vale destacar que tanto o gasto nominal dos consumidores quanto o gasto real (ajustado pela inflação) aceleraram no mês.

De maneira geral, o PCE segue em gradual desaceleração nos EUA, em linha com o movimento identificado no CPI. A atividade, por outro lado, vem surpreendendo positivamente, afastando o cenário de uma possível recessão no curto prazo, mas mantendo o grau de incerteza acerca da resiliência do núcleo da inflação à frente.

A taxa de desemprego ficou em 8% no trimestre encerrado em junho, segundo a Pnad Contínua, abaixo das 8,3% registrados em maio e das expectativas do mercado (8,2%). Com ajuste sazonal, a taxa de desemprego recuou para 7,9% com o aumento do emprego nos setores formal e informal, a despeito do aumento na taxa de participação (62%).

A massa salarial real efetiva também avançou, na comparação mensal. Em suma, os dados continuam mostrando resiliência do mercado de trabalho. Mantemos nossas estimativas de que a taxa de desemprego encerrará 2023 em 8,0%.

O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) caiu 0,72% em julho, próximo da expectativa. No acumulado em 12 meses, a deflação se intensificou para -7,7%. De maneira geral, os preços no atacado mostraram uma deflação menos intensa, tanto no segmento agrícola quanto no industrial. Os preços ao consumidor, por sua vez, aceleraram na margem, mas ainda seguem em patamar baixo. Já os custos da construção vieram abaixo das leituras anteriores, com o arrefecimento do componente de mão de obra.

O Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês) manteve sua taxa de juros inalterada, mas ajustou a política de controle da curva de juros (YCC, na sigla em inglês). De maneira geral, as autoridades optaram por dar mais flexibilidade ao mercado e agora consideram o teto de 0,5% como uma referência no rendimento do título do governo japonês (JGB) de 10 anos, não mais com um limite rígido. Além disso, o BC anunciou que irá comprar JGBs diariamente a 1%, estabelecendo um novo limite prático para a taxa do título de 10 anos.

Enquanto bancos centrais ao redor do mundo recentemente promoveram expressivo aperto da política monetária, a mudança do BoJ se enquadra como um ajuste visando maior sustentabilidade da política, que possui impacto sobre a funcionalidade do mercado de títulos. À frente, um eventual aperto pelo BC depende da conclusão da revisão de arcabouço em curso, da maior confiança na sustentabilidade da inflação ao redor da meta e da evolução do cenário global.

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