IPCA sobe e ultrapassa teto da meta em 12 meses

No Radar do Mercado: inflação acelera para 0,56% em outubro, levemente acima do esperado pelo mercado, e acumula alta de 4,76% em 12 meses. Na China, pacote de medidas de estímulo fiscal anunciado pelo governo frustra expectativas do mercado novamente

Por Itaú Private Bank

5 minutos de leitura

O IBGE divulgou hoje o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de outubro, que registrou alta de 0,56% no mês, acelerando na comparação com a leitura de setembro (0,44%). O resultado veio ligeiramente acima da mediana das expectativas do mercado, de 0,54%, e ligeiramente abaixo da nossa projeção, de 0,58%.

Em 12 meses, a taxa acumulada subiu dos 4,42% observados no período imediatamente anterior para 4,76%. Com isso, o acumulado da inflação ultrapassou o limite superior do intervalo de tolerância de 1,5% ponto percentual ao redor da meta de 3,0% ao ano definida pelo Conselho Monetária Nacional (CMN).

Com relação às medidas de núcleo, que apresentam maior relação com o ciclo econômico, tanto serviços subjacentes quanto industriais subjacentes vieram próximos do esperado. Na média móvel de três meses, com dados dessazonalizados e anualizados, serviços subjacentes aceleraram de 4,7% para 5,2%, enquanto o núcleo de industriais subjacentes desacelerou de 2,9% para 2,3%. Na mesma métrica, a média dos núcleos caiu de 4,9% para 4,3%.

Nossa visão: o IPCA de outubro veio praticamente em linha com a nossa expectativa, tanto no índice geral quanto nas aberturas. O qualitativo de inflação vem piorando na margem, com aceleração em serviços subjacentes, puxado, por exemplo, pela alta de alimentação fora do domicílio e itens mais ligados à mão de obra, um movimento já esperado que reflete o mercado de trabalho apertado.

China: anúncio fiscal frustra expectativas novamente

O Ministério das Finanças da China revelou detalhes fiscais aprovados no Comitê Permanente da Assembleia Popular Nacional da China em conferência de imprensa realizada na manhã de hoje. O anúncio, no entanto, frustrou as expectativas do mercado, já que ficou concentrado em medidas direcionadas à dívida de governos locais, sem envolver medidas de curto prazo que pudessem impulsionar a aceleração da atividade chinesa.

Entre as medidas anunciadas estão o aumento do limite de endividamento dos governos locais em 6 trilhões de yuans até o final de 2024 para reestruturação da dívida, antecipação de 4 trilhões de yuans da quota de títulos públicos especiais dos próximos cinco anos e a garantia de pagamento por parte do governo central de até 2 trilhões de yuans em dívidas do programa habitacional. Com isso, o custo e a pressão de pagamento da dívida no curto prazo diminuem, o que é importante para endereçar o desafio estrutural do endividamento dos governos locais, mas não traz nenhum impulso significativo no curto prazo.

O Ministério das Finanças ainda reforçou que a política fiscal será vigorosa em 2025 e que será liberado financiamento para recapitalização de bancos estatais, além de emissão de dívida local para a aquisição de terrenos ociosos e imóveis não vendidos, mas os detalhes sobre esses planos ainda precisam ser revelados.

Nossa visão: a falta de anúncio de fiscal mais expressivo para o curto prazo é uma preocupação para o primeiro trimestre de 2025, uma vez que o apoio fiscal já anunciado até o momento deve se dissipar até o fim deste ano. O governo está concentrado em reduzir os riscos estruturais da economia chinesa, contudo, a demanda doméstica frágil, o cenário externo potencialmente mais adverso e a falta de impulso fiscal no curto prazo podem limitar o crescimento adiante. Os próximos detalhes da política fiscal podem ser divulgados na reunião do Politburo e nas reuniões da Conferência Central de Trabalho Econômico em dezembro.

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