PIB dos EUA e da Europa decepcionam e BCE decide cortar juros
No Radar do Mercado: crescimento dos EUA no quarto trimestre de 2024 vem abaixo do esperado, mas ainda mostra atividade resiliente. Na Europa, Banco Central Europeu decide cortar juros novamente, após divulgação do PIB também decepcionante
Por Itaú Private Bank
PIB dos EUA cresce menos do que o esperado
O Escritório de Análise Econômica (BEA, na sigla em inglês) dos EUA divulgou hoje a primeira estimativa do PIB americano do quarto trimestre de 2024. No período, o indicador avançou 2,3% na comparação trimestral anualizada, desacelerando em relação aos 3,1% registrados no terceiro trimestre do ano passado e abaixo da mediana das expectativas do mercado, que era de 2,7%.
Apesar da leitura abaixo da expectativa, a quebra do PIB segue indicando uma economia resiliente, com o componente de consumo acelerando para crescimento anualizado de 4,2% no trimestre. O impacto negativo sobre o PIB veio da expressiva contribuição baixista do componente de estoques, que tende a ser mais volátil.
Com a divulgação do PIB do quarto trimestre, o crescimento real da economia americana em 2024 atingiu 2,8%, pouco abaixo da expansão de 2,9% registrada em 2023.
Nossa visão: ainda que essa seja a primeira leitura do PIB do quarto trimestre e que o resultado tenha vindo abaixo da estimativa do mercado, a quebra do número ainda demonstra uma economia americana resiliente, provando adequada a postura do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), que ontem declarou não ter pressa para promover cortes adicionais nos juros, e seguirá adotando estratégia dependente da evolução dos dados.
BCE corta juros em 0,25 ponto percentual
O Banco Central Europeu (BCE) reduziu as principais taxas de juros da Zona do Euro em 0,25 ponto percentual nesta quinta-feira, 30, em linha com o esperado pelo mercado. Com isso, a taxa de depósito passou a ser de 2,75%, a de refinanciamento passou a ser de 2,90% e a de empréstimos, 3,15%.
A autoridade monetária afirmou que o processo desinflacionário está bem encaminhado e deve alcançar a meta de 2% ao ano ainda este ano. O comunicado divulgado menciona que a inflação doméstica ainda permanece elevada, sobretudo porque salários ainda estão se ajustando à inflação passada, mas os ganhos salariais estão moderando conforme o esperado e os lucros estão amortecendo parcialmente o impacto sobre os preços. O Comitê também disse que a política monetária segue restritiva e não se comprometeu com um ritmo de cortes à frente, reafirmando o tom dependente da evolução dos dados.
Em sua coletiva de imprensa, Christine Lagarde, presidente do BCE, reforçou a unanimidade da decisão de hoje e ressaltou os riscos de baixa para a atividade, com eventuais escaladas de incertezas no comércio global podendo agir como um choque negativo. Quando perguntada sobre ritmo, afirmou que um corte de 0,5 ponto percentual não foi discutido. Quanto ao juro neutro, revelou que a autoridade divulgará um estudo sobre novas estimativas na próxima sexta-feira, 7.
PIB da Zona do Euro vem abaixo das expectativas
O Escritório de Estatísticas da União Europeia (Eurostat) divulgou que o Produto Interno Bruto (PIB) da Zona do Euro avançou 0,03% no quarto trimestre de 2024, abaixo das expectativas do mercado, que previa uma desaceleração menos intensa, de 0,4% para 0,1%. A divulgação preliminar de hoje não apresenta maiores detalhes quanto à composição do número, mas revela que a taxa de crescimento das principais economias do bloco, entre elas Alemanha (-0,2%), França (-0,1%) e Itália (0%), veio abaixo das expectativas, enquanto a Espanha surpreendeu positivamente (0,8%). De modo geral, ainda que a volatilidade de alguns componentes explique parte da surpresa negativa, o resultado divulgado hoje reforça os desafios do crescimento da economia na Europa.
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