Revisamos nossos cenários macro para dezembro

No Radar do Mercado: divulgamos as revisões de cenário macro atualizando nossas projeções em âmbito local e global

Por Itaú Private Bank

6 minutos de leitura

Revisão de Cenário - Brasil

O cenário econômico brasileiro continua apresentando um crescimento robusto, mas enfrenta desafios fiscais significativos. O pacote de gastos anunciado pelo governo, embora promova uma economia potencial de R$ 56 bilhões em dois anos, pode ser insuficiente para garantir o cumprimento do arcabouço fiscal até 2026. Estimamos um impacto de R$ 32 bilhões para 2026, abaixo da necessidade de corte de gastos de R$ 40 bilhões. Além disso, esperamos um resultado primário de -0,4% do PIB em 2024, -0,7% em 2025 e -0,7% em 2026, refletindo a ausência de melhorias estruturais e riscos crescentes tanto nas receitas, com a tramitação da reforma do imposto de renda, quanto nas despesas, devido à dificuldade de cumprimento do limite de gastos.

Para o real, projetamos uma taxa de câmbio de R$ 5,90 por dólar este ano e de R$ 5,70 para 2025 e 2026. Apesar do diferencial de juros elevado, o real enfrenta pressões de depreciação devido ao cenário global de dólar forte, aumento do prêmio de risco doméstico e deterioração das contas externas, com o déficit em conta corrente atingindo 3,3% do PIB na margem.

Enquanto isso, a atividade econômica continua a mostrar resiliência, com revisões altistas nas projeções de crescimento do PIB para 2024 e 2025, agora estimadas em 3,6% e 2,2%, respectivamente. Para 2026, projetamos um crescimento de 2,0%. O mercado de trabalho, ainda sem sinais claros de arrefecimento, representa um risco altista para o PIB nos próximos anos, com a taxa de desemprego projetada em 6,5% em 2024 e 6,8% em 2025 e 2026.

Na frente de inflação, projetamos taxas de 4,9% em 2024, 5,0% em 2025 e 4,3% em 2026. A depreciação do real e o mercado de trabalho apertado são os principais riscos altistas, apenas parcialmente compensados por uma possível redução na pressão dos preços de alimentos.

No que diz respeito à política monetária, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou a taxa Selic em 1,0 ponto percentual, para 12,25% ao ano, e indicou a intenção de realizar mais dois aumentos de 1,0 p.p. Essa decisão reflete a deterioração das expectativas de inflação e a resiliência da atividade econômica, exigindo uma política monetária mais contracionista. Para além disso, acreditamos que a taxa ao final deste ciclo de altas será de 15,00% ao ano. Diante do balanço de riscos assimétrico para inflação, há possibilidade de um ciclo ainda maior. Para 2026, no entanto, projetamos uma redução para 13,00% ao ano.

Confira o relatório na íntegra.

Revisão de Cenário - Global

A resiliência econômica dos EUA, aliada à agenda do novo governo Trump, que inclui propostas de aumento de tarifas, expansão do déficit público e restrições à imigração ilegal, sugere um cenário de ciclo de cortes de juros mais moderado pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA). Com isso, ajustamos nossa expectativa para um ciclo total de cortes de 1,25 ponto percentual, com dois cortes de 0,25 p.p. previstos para dezembro e março, levando a taxa terminal para o intervalo de 4,00% a 4,25%.

Na China, seguimos com nossa projeção de crescimento do PIB em 4,0% para 2025 e 2026, com uma expectativa de depreciação do câmbio, levando o yuan para 7,40 por dólar nesse horizonte. A promessa de mais estímulos econômicos continua, mas deve ser mais reativa, com autoridades reforçando o tom de suporte fiscal e monetário para a atividade, mas sem apresentar novas medidas concretas. Com isso, os desafios de longo prazo persistem, enquanto estímulos de curto prazo mais intensos devem ser posteriores a um eventual anúncio de nova rodada de tarifas.

Na Europa, o crescimento econômico permanece baixo em meio às incertezas políticas e globais. O Banco Central Europeu (BCE) deve adotar uma postura mais expansionista, com a expectativa de uma taxa terminal de 2,0% ao ano. No âmbito político, as eleições na Alemanha podem resultar em uma política fiscal menos restritiva, enquanto a situação na França continua turbulenta, sem previsão de novas eleições. Nesse cenário, esperamos que o euro se deprecie, com a cotação projetada em US$ 1,03 (contra US$ 1,05 anteriormente), refletindo os riscos de atingir níveis abaixo da paridade.

Confira o relatório na íntegra.

💬 O que achou deste conteúdo?

Leia também

Confira o que mais está no radar do mercado

IPCA de novembro registra alta de 0,39%, com qualitativo pior

No Radar do Mercado: com o resultado de novembro, a inflação acumulada em 12 meses se [...]

Relatório Focus: na semana do Copom, mercado eleva projeções para IPCA e Selic

No Radar do Mercado: previsões para dólar e PIB também aumentam. Na China, autoridade [...]

Payroll: criação de vagas de emprego nos EUA se recupera em novembro

No Radar do Mercado: leitura divulgada mostrou geração de vagas acima das expectativa [...]