Revisamos nossos cenários macro para novembro

No Radar do Mercado: divulgamos as revisões de cenário macro atualizando nossas projeções em âmbito local e global; no Focus, expectativas para inflação, câmbio e Selic aumentam

Por Itaú Private Bank

7 minutos de leitura

Revisão de Cenário - Brasil

A percepção de risco doméstico tem aumentado com a expectativa que o crescimento elevado das despesas obrigatórios dificultaria muito o cumprimento do arcabouço fiscal. Estimamos que, para cumprir a regra em seu formato original, é necessário um ajuste de despesas de pelo menos R$ 60 bilhões, sendo R$ 25 bilhões em 2025 e R$ 35 bilhões em 2026. Diante disso, mantivemos nossa projeção de resultado primário de -0,4% do PIB em 2024 e revisamos nossa projeção de 2025 para -0,7%.

As incertezas fiscais somadas às externas, com perspectiva de um dólar mais forte globalmente, nos levaram a revisar nossa projeção de câmbio para R$ 5,70 em 2024 e 2025, a despeito do aumento do diferencial de juros.

Para o PIB, mantivemos nossa projeção de crescimento de 3,2% em 2024, mas revisamos a nossa projeção de 2025 para 1,8%, já que esperamos alguma desaceleração da economia no segundo semestre deste ano e no ano que vem, em função da taxa de juros mais elevada, impulso fiscal menor e revisão baixista no crescimento global.

Também revisamos nossas projeções de inflação para cima. Para 2024, projetamos 4,8%, incorporando uma alimentação no domicílio mais pressionada. E para 2025, revisamos nossa projeção para 5,0%.

Com esse cenário, acreditamos que o Banco Central precisará recalcular o grau de aperto monetário e avançar ainda mais, e com maior celeridade, em território contracionista. Passamos a esperar que a taxa Selic atinja patamar de 13,50% a.a. no decorrer de 2025 e permaneça nesse nível até o fim do próximo ano.

Confira o relatório na íntegra.

Revisão de Cenário - Global

A atividade resiliente e a implementação de propostas de aumento de tarifas comerciais, expansão fiscal e restrição à imigração aumentam os riscos inflacionários e indicam juros mais altos à frente nos EUA. Com isso, reduzimos nossa expectativa de cortes por parte do Federal Reserve para um ciclo de 1,5 ponto percentual (vs 2 pontos percentuais anteriormente).

Em resposta a isso, passamos a prever juros mais altos também pela América Latina, diferente da Europa, onde agora esperamos uma taxa terminal mais baixa, de 2,0% a.a., em resposta às incertezas globais. Já na China, reduzimos nossa projeção de PIB em 2025 para 4,0% e esperamos um câmbio mais depreciado, considerando que a promessa de mais estímulos mitiga apenas parcialmente os efeitos adversos de uma nova rodada de tarifas comerciais a ser imposta pelos EUA.

Confira o relatório na íntegra.

Focus: inflação, câmbio e Selic para cima

Imagem ilustrativa

O Banco Central divulgou hoje uma nova edição do Relatório Focus com revisões para cima nas projeções de inflação e do câmbio deste e dos próximos dois anos, além de uma elevação na projeção para a Selic de 2025.

A mediana das estimativas do IPCA para 2024 subiu pela sétima semana consecutiva e renovou a máxima do ano. A projeção passou de 4,62% para 4,64% e continuou se distanciando do teto do intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual ao redor da meta de 3,0% ao ano estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). As projeções do mercado também subiram de 4,10% para 4,12% em 2025 e de 3,65% para 3,70% em 2026.

As projeções para o câmbio, considerado um dos motivos que vem influenciando o mercado a elevar as expectativas de inflação, também subiram. Para 2024, a alta foi de R$/US$ 5,55 para R$/US$ 5,60. Para 2025, de R$/US$ 5,48 para R$/US$ 5,50. E para 2026, de R$/US$ 5,40 para R$/US$ 5,47.

Já com relação à Selic, o mercado seguiu projetando taxa de 11,75% ao final de 2024, ou seja, uma elevação de 0,5 ponto percentual na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central em dezembro, e alterou a projeção para 2025, de 11,50% para 12,00%. Para 2026, a previsão foi mantida em 10,00%.

Por fim, as projeções para o PIB de 2024, 2025 e 2026 foram mantidas em 3,10%, 1,94% e 2,00%, respectivamente.

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