Relatório Focus: à espera do fiscal, analistas revisam para cima inflação e câmbio

No Radar do Mercado: Focus mostra aumento nas projeções de inflação para os próximos anos e no câmbio para 2024 e 2025. Enquanto isso, discussões sobre o pacote de corte de gastos continuam, à espera do anúncio por parte do governo

Por Itaú Private Bank

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O Banco Central divulgou hoje mais uma edição do Relatório Focus com revisões para cima na projeção da inflação deste e dos próximos dois anos, além do câmbio, da Selic e do PIB em diferentes prazos.

A mediana das estimativas do IPCA para 2024 subiu pela sexta semana consecutiva e renovou a máxima do ano. A projeção passou de 4,59% para 4,62% e se distanciou mais uma vez do teto do intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual ao redor da meta de 3,0% ao ano estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). As projeções do mercado também subiram de 4,03% para 4,10% em 2025 e de 3,61% para 3,65% em 2026.

Um dos motivos que vem influenciando o mercado a elevar as expectativas de inflação é o câmbio. Nessa edição do Focus, as projeções para a taxa de câmbio subiram de R$/US$ 5,50 para R$/US$ 5,55 em 2024, também a maior do ano, e de R$/US$ 5,43 para R$/US$ 5,48 em 2025. Para 2026, a projeção foi mantida em R$/US$ 5,40.

Com relação à Selic, o mercado seguiu projetando taxa de 11,75% ao final de 2024 e de 11,50% ao final de 2025, mas elevou a projeção de 9,75% para 10,0% em 2026.

Por fim, a projeção para o PIB de 2024 foi mantida em 3,10%, enquanto a projeção para 2025 teve uma leve alta de 1,93% para 1,94% e a de 2026 continuou em 2,00%.

Fiscal: o que esperar?

O mercado segue aguardando o anúncio por parte do governo federal das já prometidas medidas de revisão de gastos com o objetivo de garantir o cumprimento do arcabouço fiscal vigente ao menos até 2026. O pacote viria em complemento às medidas administrativas de “pente-fino” de benefícios sociais já anunciadas.

As propostas cogitadas até o momento envolvem, entre outras, alterações no Benefício de Prestação Continuada (BPC), no seguro-desemprego, no Fundeb, nas vinculações de benefícios ao salário mínimo, além dos pisos constitucionais de saúde e educação e da previdência dos militares.

Confira mais detalhes no relatório Política Brasil Mensal.

Nossa visão: estimamos que o cumprimento do arcabouço fiscal em 2025 depende de ao menos R$ 25 bilhões de redução de despesas, podendo ser obtidos, por exemplo, com o sucesso das medidas de “pente-fino”. No entanto, para 2026, é necessário um ajuste adicional de ao menos R$ 35 bilhões, de modo que consideramos esse o valor mínimo necessário para o pacote de revisão de gastos ter sucesso em obter alguma redução da percepção de risco fiscal. O pacote pode ser ainda uma oportunidade para reduzir os receios quanto a iniciativas onerosas do ponto de vista fiscal, como a isenção do imposto de renda das famílias até R$ 5 mil, e ao aumento das criatividades contábeis e retorno de estímulos parafiscais.

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